ATA DA SEPTUAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09.09.1998.

 


Aos nove dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Décio Schauren, Gerson Almeida, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas das Sexagésima Terceira, Sexagésima Quarta, Sexagésima Quinta, Sexagésima Sexta e Sexagésima Sétima Sessões Ordinárias e das Vigésima Sexta, Vigésima Sétima e Vigésima Oitava Sessões Solenes. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Projeto de Resolução nº 40/98 (Processo nº 2636/98); pelo Vereador Renato Guimarães, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 107, 108, 109, 110 e 111/98 (Processos nºs 2298, 2299, 2300, 2302 e 2305/98, respectivamente); pela Vereadora Sônia Santos, 14 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 374, 375 e 376/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 26/98, do Senhor Odir Alberto Tonollier, Secretário Municipal da Fazenda; Telegramas: do Senhor José Otávio Germano, Deputado Estadual/RS; do Senhor Valdir Heck, Deputado Estadual/RS; do Senhor João Carlos Bona Garcia, Chefe da Casa Civil do Estado/RS; do Senhor Paulo Renato Souza, Ministro de Estado da Educação e do Desporto; do Senhor Francisco Alfredo Garcia Jardim, Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino - SINEPE/RS; do Senhor Miguel Bandeira Pereira, Diretor da Fundação Escola Superior do Ministério Público/RS; Cartões: do Senhor José Alceu Marconato, Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre – SINDILOJAS; do Senhor Antonio Augusto Brasil Carús, Diretor do Banco do Estado do Rio Grande do Sul – BANRISUL; do Senhor Fernando Gadret, do Gabinete do Deputado Estadual Caio Riela. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor José Adelmo Borges, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos Fluviais do Rio Grande do Sul - SINFLUMAR, que discorreu a respeito da estrutura de fiscalização ora existente nos portos estaduais, propugnando pela adoção de medidas que impossibilitem o atraque, nos portos gaúchos, de navios de carga que não apresentem condições adequadas de segurança. Na ocasião, os Vereadores Renato Guimarães e Maria do Rosário manifestaram-se acerca do assunto abordado em Tribuna Popular, e a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, solicitando cópias do pronunciamento do Senhor José Adelmo Borges, tendo o Orador manifestado sua anuência a este Requerimento, e tendo o Senhor Presidente determinado a distribuição, aos Senhores Vereadores, de cópias do pronunciamento acima referido. Em continuidade, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, do dia nove ao dia onze de setembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Mário Fraga, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Na ocasião, foi lida declaração firmada pelo Vereador Nereu D'Ávila, Líder da Bancada do PDT, informando a impossibilidade dos Suplentes João Bosco Vaz e Milton Zuanazzi assumirem a vereança em substituição ao Vereador Pedro Ruas. Também, foi aprovado Requerimento do Vereador Fernando Záchia, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, do dia nove ao dia onze de setembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Sebastião Melo, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Após, foi apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias nove e dez de setembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Na ocasião, face à manifestação do Vereador Nereu D'Ávila, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da forma como são organizados os eventos deste Legislativo e da infra-estrutura existente para a realização de coquetéis, exposições e Sessões Solenes na Casa. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Paulo Brum, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, tendo a Vereadora Maria do Rosário manifestado-se a respeito deste Requerimento. Na oportunidade, foi apregoado o Ofício nº 386/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 29/98 (Processo nº 2706/98). Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 33/98; em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 34/98, discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 104, 127 e 99/98, este discutido pelos Vereadores Clênia Maranhão e Mário Fraga, os Projetos de Resolução nºs 31, 34 e 35/98, o Projeto de Lei do Executivo nº 28/98, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 13/97, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 121, 122 e 116/98, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 16/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn teceu críticas à qualidade dos serviços de fiscalização de trânsito prestados pela Secretaria Municipal dos Transportes, declarando que os procedimentos adotados pelos guardas municipais de trânsito revelam o despreparo destes para a função que ora exercem e afirmando observarem-se procedimentos que podem ser classificados como atos de arbitrariedade e autoritarismo. Na oportunidade, o Vereador Gerson Almeida formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fossem distribuídas aos Senhores Vereadores cópias de manifesto firmado por Organizações Não-Governamentais, referente ao despejo, na Lagoa dos Patos, de ácido sulfúrico transportado pelo navio Bahamas. Após, foi apregoado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cyro Martini, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia, ratificando denúncias feitas em manifestações anteriores, pronunciou-se acerca do atraso no pagamento das bolsas-auxílio aos atletas beneficiados pelo programa "Bolsas Olímpicas", mantido pelo Governo do Estado, discorrendo a respeito do encaminhamento que vem sendo dado ao assunto pelos órgãos diretamente responsáveis. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do General Justo de Moraes, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul de Curitiba/PR, do Coronel Nilo Fontoura Nunes, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul de Santa Catarina, dos Coronéis Rubem Peixoto Alexandre e Fernando Dias da Silva, Assessores Parlamentares do Gabinete do Ministério do Exército de Brasília, e do Coronel Irani Siqueira, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul de Porto Alegre, convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra ao Vereador Pedro Américo Leal que, em nome da Casa, saudou os visitantes. Às quinze horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear a I Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências e o Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL, nos termos do Requerimento nº 114/98 (Processo nº 1325/98), de autoria do Vereador Paulo Brum. Compuseram a Mesa: os Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn, respectivamente, Presidente e 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Humberto Lippo Pinheiro, Assessor da Coordenação de Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, representando o Senhor Prefeito Municipal; a Senhora Vera Lúcia Santos, Presidenta do Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL; o Capitão Intendente Roberto Aprato Maciel, representando o Comandante do Quartel-General do 5º Comando Aéreo Regional - COMAR; o Vereador Juarez Pinheiro, 1º Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Paulo Brum teceu considerações a respeito da I Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências, salientando a importância do trabalho realizado pelo Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL, no sentido de proporcionar aos portadores de deficiências melhores condições de vida, e propugnando pela adoção de políticas públicas que viabilizem a completa integração dos deficientes físicos junto à sociedade. O Vereador Isaac Ainhorn discorreu acerca das atividades promovidas pelo Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL, ressaltando o pioneirismo da Cidade de Porto Alegre no reconhecimento dos direitos de cidadania dos portadores de deficiências e a importância de que sejam observados, em toda a sua extensão e plenitude, o teor dos dispositivos contidos na Constituição Federal que garantem a igualdade e a justiça social para todos. O Vereador João Dib historiou a respeito da fundação do Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL, destacando a abnegação e o desprendimento dos pais, médicos e colaboradores envolvidos no exercício das atividades dessa instituição, os quais são responsáveis pela continuidade da prestação de um serviço com qualidade, visando sempre o melhor atendimento possível aos seus pacientes. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a nominata de integrantes do Centro de Reabilitação de Porto Alegre, assim constituída: Senhora Ruth Saveressig, Tesoureira, e Senhor Carlos Júlio Saveressig, Conselheiro, ambos fundadores do Centro; Senhor Mário Farias, Presidente do Conselho Superior; Senhora Maria de Lurdes Farias, integrante do Clube de Mães; Senhor Rubem Kersting, Vice-Presidente Administrativo; Senhora Jurema Flores, Vice-Presidenta; Senhoras Edith Leipelt, Camila Leipelt, Denise da Costa, Vera Ricardo, Maria da Graça Flores, Maria Miranda, Lurdes Merlim e Saionara, Professoras; Senhoras Nádia Rodrigues Benedetti, Marilene Martini, Teresinha Falcão, Dionéa Mara Raymundo, Cíntia Motim e Cléia Teresinha Neuberger, Terapeutas. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Maria do Rosário manifestou-se em saudação aos trinta e cinco anos de fundação do Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL, propugnando pela adoção de medidas que permitam o acesso de todas as pessoas à plenitude dos seus direitos e pela criação de políticas públicas que venham a equiparar oportunidades e resguardar os recursos necessários para o atendimento diferenciado na área de educação e saúde. O Vereador Cláudio Sebenelo, salientando a justeza da presente homenagem, saudou o Centro de Reabilitação Porto Alegre – CEREPAL pelos seus trinta e cinco anos de atividades e pelo amor, grandeza humana e dedicação observados no trabalho dos integrantes dessa instituição junto aos portadores de deficiências, garantindo aos seus pacientes melhores condições e qualidade de vida. O Vereador Jocelin Azambuja registrou o seu reconhecimento ao trabalho realizado pelo Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL, salientando a necessidade e a importância da luta constante em defesa da igualdade de condições e de oportunidades para todos, uma vez que é responsabilidade precípua do Estado garantir os direitos básicos de cidadania. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Argemiro Gomes Filho, da Câmara Municipal de Três Passos, e do Senhor Altino Moreira de Campos, Vice-Presidente Municipal do PSDB do Município de Três Passos. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Humberto Lippo, que, agradecendo a oportunidade de homenagear o Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL, solicitou o apoio dos Senhores Vereadores na aprovação de Projetos de Lei que viabilizem a ampliação do exercício da plena cidadania a todas as pessoas, sem distinção de qualquer ordem. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Vera Lúcia Santos, que, em nome do Centro de Reabilitação de Porto Alegre, agradeceu a homenagem prestada por esta Casa. Às dezessete horas e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos. Às dezessete horas e quatorze minutos, constatada a existência de "quorum", foram reabertos os trabalhos e aprovado Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib registrou o transcurso do Dia do Administrador. Também, reportando-se ao volume de verbas destinadas à publicidade pela Prefeitura Municipal, criticou o teor de folhetos e publicações de caráter institucional patrocinados pelo Executivo Municipal, atentando para o fato da Câmara Municipal de Porto Alegre não ser mencionada nesse material. O Vereador Cláudio Sebenelo teceu considerações a respeito de artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo, na edição do dia vinte e oito de agosto do corrente, o qual versava a respeito da conjuntura na qual se encontra inserida a atuação do Partido dos Trabalhadores, em relação ao cenário político brasileiro. Ainda, referiu-se a artigo publicado no Jornal Correio do Povo de hoje, relativo à arrecadação de verbas, pelo Município, decorrentes da aplicação de multas de trânsito. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Renato Guimarães discorreu acerca de das taxas de desemprego ora observadas entre os jovens, salientando a necessidade de que sejam buscadas soluções que viabilizem a alocação destes trabalhadores no mercado de trabalho. Também, referiu-se ao pacote fiscal implantado pelo Governo Federal e comentou pesquisas de opinião pública, relativas à intenção de voto para o cargo de Presidente da República nas eleições de outubro do corrente ano. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Clovis Ilgenfritz teceu críticas às políticas sociais e econômicas adotadas pelo Governo Federal, condenando o corte de verbas da área da saúde e analisando dados sobre a implantação de medidas destinadas a regular o quadro econômico ora observado no Brasil, através do aumento da taxa de juros e da privatização de empresas estatais. O Vereador Jocelin Azambuja teceu considerações a respeito dos gastos realizados pelo Executivo Municipal em publicidade e propaganda institucional, em especial quanto à apresentação, no rádio e na televisão, do programa "Cidade Viva", e comentou as despesas efetuadas pelos candidatos do Partido dos Trabalhadores em propaganda eleitoral nos principais veículos de comunicação do Estado. O Vereador Sebastião Melo, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Carlos Garcia, referente ao atraso no repasse de verbas aos atletas inscritos no programa de "bolsas olímpicas" do Governo do Estado, informou que parte dos respectivos valores serão colocados à disposição dos seus beneficiários até o dia quatorze de setembro do corrente, sendo que a efetiva quitação dos débitos será realizada em breve. Ainda, comentou o resultado das últimas pesquisas eleitorais. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Cyro Martini, ao referir-se ao número de acidentes com vítimas fatais ocorridos no último final de semana no Estado, procedeu a análises acerca da atual estrutura de administração e fiscalização do trânsito no Brasil, em especial no período posterior à promulgação do novo Código Brasileiro de Trânsito, salientando aspectos relativos aos Centros de Habilitação de Condutores e aos Centros de Registro e Licenciamento de Veículos. Em continuidade, face às manifestações dos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito do andamento dos trabalhos e prestou informações sobre o do artigo 145 do Regimento. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovada a prorrogação da Sessão, nos termos regimentais, por dezesseis votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Henrique Fontana, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Renato Guimarães, Sônia Santos, Cyro Martini, Maristela Maffei e Sebastião Melo. Na ocasião, foi apregoado Requerimento verbal da Vereadora Sônia Santos, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, Requerimento este que, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Reginaldo Pujol, Gerson Almeida e Cláudio Sebenelo, deixou de ser votado face à inexistência de "quorum" deliberativo. Também, os Vereadores João Dib e Renato Guimarães formularam Requerimentos verbais, referentes à ordem de apreciação da matéria constantes na Ordem do Dia, tendo o Vereador Reginaldo Pujol manifestado-se a respeito do Requerimento do Vereador João Dib. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Valdir Sauer, da Câmara Municipal de Progresso/RS, e registrou ter deferido Requerimentos dos Vereadores Gerson Almeida e Cláudio Sebenelo, solicitando suas indicações para representar este Legislativo, no dia dez de setembro do corrente, na audiência pública a ocorrer na cidade de Rio Grande, acerca dos problemas ecológicos resultantes de ácido sulfúrico despejado na Lagoa dos Patos pelo navio Bahamas. Ainda, destacou que tal representação ocorrerá sem ônus para este Legislativo. Às dezenove horas e quarenta e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. José Adelmo Borges, representando o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos Fluviais do Rio Grande do Sul, SINFLUMAR, falará sobre acidente no navio Bahamas no Porto de Rio Grande e a falta de fiscalização nas embarcações de transporte de cargas perigosas ou não, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. JOSÉ ADELMO BORGES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras. Represento, neste momento, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos Fluviais do Estado do Rio Grande do Sul, por esta razão quero dirigir-me a este Plenário e aos presentes para dizer que me causa surpresa quando eu leio que nós somos um país emergente. Eu diria o seguinte: “nós somos um país submergente; nós estamos afundando”. Nós tínhamos a oitava marinha mercante do mundo e hoje estamos reduzidos a zero. Estamos fretando navios podres para trazer produtos químicos, quando temos estaleiros com grande capacidade de trabalho para fabricarmos os nossos próprios navios. E o que é o pior, estamos pagando seis bilhões de dólares de frete. Portanto, eu fico bastante confuso quando me falam em país emergente.

Vejam os Senhores o que houve no Porto de Rio Grande, é um dos absurdos maiores que eu vi em termos de danos ecológicos, em termos de saúde; um navio com vinte e oito anos de serviço, transportando ácido para o Porto de Rio Grande sem que houvesse um mínimo de fiscalização por parte das autoridades, da Marinha ou outros órgãos federais, e que permitem, em nome da iniciativa privada, qualquer tipo de navio entrar e atracar no Porto.

Quero dizer aos senhores que viajei pelo mundo em quarenta e oito países e nunca vi, nem na África, um desleixo tão grande com a sua terra. Na América, quando se chega, fora de barra, acompanha a praticagem a imigração, a saúde, a fiscalização, engenheiros e até cachorros para verificar se o navio está transportando drogas ou não. No Brasil eles entram à vontade, contanto que supram as indústrias privadas daquilo que necessitam e que o Brasil pague o frete.

Eu me comovo, porque tenho sessenta e sete anos de idade e isso me deixa atarantado. Eu não consigo ver o futuro dos meus filhos, o futuro dos meus netos, porque não existe autoridade suficiente para sentir que isso não pode continuar assim. Afinal, que tipo de país nós somos?

Hoje, em Rio Grande, com essa tragédia, temos mais de trinta mil pessoas, dependendo de seis mil e quinhentos miseráveis pescadores para o seu sustento. Digo trinta mil, porque cada pescador tem sua família, seu pai, sua mãe, mulher, filhos, tia, que dependem da pesca. E hoje não estão vendendo nem um quilo de peixe, até mesmo os navios que querem atracar não podem atracar, porque vai haver a corrosão pelo ácido derramado. Eu quero deixar aqui registrado, Sr. Presidente, o protesto dos marítimos e que fique inserido nos Anais da Casa, que nós queremos saber o nome dessa comissão que foi formada em Rio Grande e que propôs essa medida de derramar o ácido. Derramar para que o navio não explodisse. Para mim navio de vinte e oito anos podia explodir, até eu que tenho sessenta e sete anos. Agora, derramar o ácido ali, propositadamente, é uma irresponsabilidade total. Obviamente, se explodisse estaria derramado, mas seria um acidente, o que não foi o caso, foi um navio já cansado, de vinte e oito anos de construção, transportando para o Porto do Rio Grande ácido. Um navio todo corroído, um navio que foi rejeitado na Argentina, no Uruguai, agora no Brasil pode atracar de tudo, contando que a iniciativa privada seja beneficiada e não tenha prejuízo.

Por favor, Sr. Presidente, que fique consignado o protesto dos marítimos do Rio Grande do Sul. Outra coisa, os nossos transportes de produtos químicos que vão para o Polo Petroquímico de Triunfo todos estão fora de normas, normas internacionais que recomendam fundo duplo, uma fiscalização severíssima nas chapas com as quais eles são construídos, e nós, aqui, não fazemos nada, não queremos saber.

Então, deduz-se, o que aconteceu no Rio Grande pode acontecer aqui, na Ponte do Guaíba, muito facilmente, e, aí, haverá o “bum”, e todo mundo se acorda para o acidente. E, aí, fica um Borges da vida, velho, vindo a esta Tribuna, clamando, mais uma vez, para que, por favor, ser patriota não é olhar desfile de cavalo molhado. Ser patriota é sentir esses problemas, é ver e conhecer que nós não estamos fazendo nada. A Capitania dos Portos se omite. O Governo Federal se omite. O Governo Estadual, que está fazendo tudo, não fazendo nada. E assim nós vivemos. Não sei aonde vamos parar!

Extração de areia é, indiscriminadamente, feita em qualquer área do Estado, em qualquer barranca de rio a draga chega, arranca a areia, põe na barca, leva e vende. Usufrui também dinheiro. Depois, vem a madeira toda para o rio, desbarranca, e assim nós vivemos! Parece-me que num estado de catalepsia, e não se sente nada. Eu deixo, mais uma vez, consignado o nosso protesto. Não me venham dizer que não foram avisados! Certos barcos e companhias de navegação do nosso estado, que navegam aqui, se encostarem um dedo na chapa, furam!

Começaram a obrigatoriedade de docagem com dois anos, era obrigatório docar. Fecharam os estaleiros, passou para quatro anos. A iniciativa privada pressionou, porque estava muito caro, e agora são oito anos para se fazer uma docagem. Pelo amor de Deus! Até quando será isso? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. José Adelmo, do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos Fluviais do Rio Grande do Sul - SINFLUMAR, peço que venha tomar assento à Mesa.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, por solicitação do Sindicato, está providenciando a chamada de uma reunião pública com os outros membros da Comissão e com os demais Vereadores para tratar do assunto do tráfego de cargas aqui no Guaíba, nas Pedras Brancas. Por causa do acidente em Rio Grande, temos um Requerimento na Mesa solicitando que um representante da Comissão vá a Rio Grande e, após, nós tratarmos desse assunto nessa reunião que faremos aqui na Câmara.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Nós gostaríamos de ter acesso, o mais breve possível, às notas taquigráficas do pronunciamento do representante do SINFLUMAR, uma vez que muitas pessoas têm nos procurado acerca dessa questão e assim poderemos passar, se autorizado pelo Sindicato, essas palavras que nos trazem um alerta muito importante.

 

O SR. PRESIDENTE: Pois não, Vereadora. Não havendo bancadas que queiram se inscrever, nós queremos agradecer a presença do Sr. José Adelmo Borges nesta Casa, porque é sempre uma honra quando um representante de um segmento tão importante quanto este, que é o dos marítimos, vem aqui ocupar a nossa tribuna, ainda mais quando V. Sa. vem para discutir uma questão que chama a atenção de todo o mundo, fazendo um alerta. E acredito que essa é a luta de todos os segmentos da população que querem a dignidade nacional.

Agradeço a sua participação e solicito à Diretora Legislativa que distribua aos Vereadores o seu discurso.

O Ver. Pedro Ruas solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no período de 9 a 11 deste mês.

O Ver. Fernando Záchia solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no período de 9 a 11 deste mês.

 

(Obs.: Foram aprovados Requerimentos de licença dos Vereadores Pedro Ruas e Fernando Záchia, e dada posse aos Suplentes, conforme consta na Ata.)

 

A Vera. Tereza Franco solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 9 a 10.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Esclarecimento): Sr. Presidente, para uma reclamação: este Vereador considera-se prejudicado como Parlamentar desta Cidade. Quero responsabilizar a Mesa da Casa pelo infausto acontecimento de ontem. A Casa sabia que havia duas Sessões Solenes, e dois coquetéis. A Casa teve dois pesos e duas medidas, inclusive com uma desconsideração inominável para com este Vereador. Quando cheguei à Casa, às 19h, não havia Vereador para presidir a Sessão; foi-me dito, pela sua esposa, que eu teria que presidir. Seria um vexame o Vereador requerente presidir a Sessão e, ao mesmo tempo, falar. Salvou a honra da Casa o Ver. Isaac Ainhorn, que, a meu pedido, atendeu aos meus prantos e presidiu a Sessão.

A segunda questão é com relação à infra-estrutura. Eu até posso admitir que a Casa não tenha infra-estrutura; se não tem deve avisar aos Vereadores. Havia dois coquetéis previstos, os dois eram da Casa, pois a homenagem deste Vereador também foi votada pelo Plenário. Veja bem: às 19h15min eu tive que alugar duzentas taças, porque vieram duzentas e trinta pessoas. Ao contrário do que a Casa alardeou, para o oficial da Casa vieram menos pessoas do que vieram para a nossa Sessão.

Hoje eu tive que pagar R$ 73,00 pelo aluguel das taças. A Diretora da DAC esforçou-se ao máximo, inclusive buscando toalhas em um restaurante; enfim, foi um vexame. Quando cheguei aqui, o homenageado estava sozinho na sala da Presidência, não havia quem presidisse a Sessão, não havia taças, nenhuma estrutura e uma das moças responsáveis pelas relações públicas estava apavorada. Eu reclamo, veementemente.

Outra questão, Sr. Presidente: V. Exa., que é o responsável, deve haver um acordo por parte da Mesa para fazer um rodízio entre os Vereadores da Mesa para presidir as Sessões Solenes. Um dos Vereadores tem que ficar aqui de plantão. Ontem, uma das moças encarregadas pelas relações públicas disse que eu iria presidir a Sessão, sendo que eu era o requerente. Sei que V. Exa. e a Mesa não são os culpados sozinhos, mas responsabilizo a Mesa. Não é possível que chegue o momento do início de uma Sessão e ocorra uma situação como a de ontem; inclusive, atrasamos por mais de 50 minutos o início da Sessão, porque o Ver. Isaac Ainhorn foi resolver alguns problemas por telefone, para depois presidir a Sessão.

E eu tive de mandar buscar as coisas. Eu fui desconsiderado como Parlamentar, porque a Casa sabia que haveria duas Sessões. Agora, se a Casa não tem copos e outras coisas, o problema é da Mesa, é de alguém, e não do Vereador requerente que não pode passar vexame. Se fosse com V. Exa., tenho certeza de que estaria tão transtornado quanto eu. Eu não quero aqui fazer exageros, mas responsabilizo o órgão dirigente da Casa, e não as pessoas, por duas coisas: primeiro, por não avisar. Então digam: “Vereador Nereu D’Ávila, V. Exa. é responsável por trazer toalhas, copos, etc.”

Agora, chegar no momento da Sessão, na frente de duzentas e trinta pessoas que foram contadas uma a uma aqui, e dizer que não havia nada, nem Vereador para presidir a Sessão! Pelo amor de Deus, Ver. Luiz Braz, isso não pode mais se repetir. Lamento ter de fazer essa reclamação, mas V. Exa., por favor, faça uma reunião de Mesa e Lideranças e veja que a Casa está crescendo.

Se há dois coquetéis, um previsto para trezentas pessoas e outro, que era o meu, para duzentos e trinta pessoas, se a Casa não tem infra-estrutura, ou V. Exa. suspende uma das Sessões, ou dá infra-estrutura para a Casa. Desculpe o meu desabafo, mas eu sou um Vereador desta Casa. A Sessão Solene de ontem estava prevista. Eu e nenhum Vereador desta Casa pode passar o vexame que eu e o homenageado passamos. Desculpe a minha franqueza, mas qualquer Vereador estaria hoje indignado como estou.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu D’Ávila, V. Exa. faz uma reclamação pública, e eu sou obrigado a dar uma resposta pública. Eu lhe havia falado, há algum tempo, sobre problemas que eu, Ver. Luiz Braz, via no seu homenageado, e chamava a atenção de V. Exa. a respeito dos meus problemas pessoais. Digo que, por problemas meus, acabei faltando com o compromisso que o Presidente da Casa deve ter, que é o de presidir as Sessões Solenes. Coloco em mim toda a culpa. V. Exa. sabe quais são os motivos.

Em segundo lugar, ontem tivemos o lançamento do 13º Salão de Artes Plásticas da Casa, quando tivemos duzentos e cinqüenta artistas participantes com setecentos trabalhos apresentados. O pessoal de relações públicas cuida do coquetel e do lançamento, porque é algo que está previsto na programação anual da Casa. Os coquetéis oferecidos nas sessões para entrega de títulos são esporádicos. Não são em todas as Sessões Solenes de entrega de títulos que há realização de coquetel. Não temos uma infra-estrutura na Casa que possa prever a realização do coquetel oficial que somos obrigados a oferecer porque o Salão de Artes Plásticas é uma programação anual da Casa. Mas ele coincidiu com uma sessão na qual não sabíamos que teria coquetel, e quando teve o coquetel oferecido por V. Exa., não tínhamos a estrutura suficiente para atender também àquela recepção.

Não foi descaso com o Vereador. Temos a maior consideração com o Ver. Nereu D’Ávila, pois o considero meu amigo particular. V. Exa. me faz uma cobrança pública e me obriga a dar uma resposta pública com a maior consideração, até porque esse é o meu modo de viver. Não é só para com V. Exa., é para com todos os Vereadores da Casa que tenho o maior respeito.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: V. Exa. é um democrata e agradeço a sua explicação. Dela ficou uma questão ao desabrigo sobre a qual eu pediria providências. V. Exa. diz que não sabia do nosso coquetel. Então, a única questão que restou é que se eu tivesse sido avisado de que a responsabilidade do coquetel era minha, inclusive a parte material, eu teria providenciado.

De resto, Sr. Presidente, tendo em vista o crescimento da Casa, para o futuro há que prover algumas questões de infra-estrutura, pois, provavelmente, poderá, novamente, no futuro, haver coincidência de coquetéis.

É o crescimento da Casa, é o crescimento do mecanismo democrático. Eu aceito as ponderações de V. Exa. Peço escusas por ter-me manifestado publicamente, mas V. Exa. compreende a minha posição: eu me considerei vexado. Mas como sou amigo pessoal de V. Exa. eu aceito as suas ponderações.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vereador.

 

O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a V. Exa. que, logo após o período da Pauta, nós passemos ao Grande Expediente. Hoje, nós vamos homenagear o CEREPAL - Centro de Reabilitação de Porto Alegre - bem como a 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Nós perguntaríamos ao Ver. Paulo Brum e aos demais Vereadores se não poderíamos passar, imediatamente, ao Grande Expediente, objetivando cumprirmos a Pauta e ainda entrarmos na Ordem do Dia com projetos que já vêm sendo acompanhados por várias pessoas, como, por exemplo, o Projeto que se refere ao Pronto Socorro.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, é que o Centro de Reabilitação está dando a maior importância à homenagem - a primeira nos seus 35 anos de existência - que esta Casa Legislativa está fazendo. Eles estão chegando com mais um ônibus com alunos que querem participar desta tarde festiva.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos, então, passar para a Pauta. A Vera. Maria do Rosário concorda.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Apregoa o Ofício nº 386/98, do Sr. Prefeito Municipal, que encaminha o PLE nº 29/98 - Proc. nº 2706/98.)

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2512/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 033/98, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que concede o Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo ao pintor, desenhista e gravador Henrique Fuhro.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0902/98 - SUBSTITUTIVO Nº 02 ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 034/98, ambos de autoria do Ver. Renato Guimarães, que institui, na rede municipal de ensino público de 1º e 2º graus e demais níveis de ensino, o conteúdo “Educação Anti-racista e Antidiscriminatória”.

 

PROC. 2121/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 099/98, de autoria do Ver. Lauro Hagemann, que estabelece Carta de Habitação Parcial para o conjunto Residencial Parque dos Mayas II e dá outras providências.

 

PROC. 2454/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 031/98, de autoria do Ver. Cyro Martini, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito a Bento José da Silveira.

 

PROC. 2519/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 034/98, de autoria da Mesa Diretora, que acrescenta inciso ao art. 1º da Resolução de Mesa nº 168, de 31 de março de 1997, que fixa o valor mensal da gratificação de Incentivo Técnico por Produtividade para os funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. 2555/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Pasqual Bavaresco um logradouro público localizado no Bairro Teresópolis.

 

PROC. 2606/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 028/98, que declara de utilidade pública a Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul.

 

PROC. 1846/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 013/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que altera o § 3º e o § 4º do art. 69 da Lei Complementar nº 7/73, que institui e disciplina os tributos de competência do Município. (multas)

 

PROC. 2165/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 104/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização da denominação genérica dos medicamentos em receitas médicas e odontológicas no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2520/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 035/98, de autoria da Mesa Diretora, que acrescenta parágrafo único ao art. 1º da Resolução de Mesa nº 159, de 15 de janeiro de 1997, que estabelece que a Gratificação de Incentivo Técnico por Produtividade dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre passe a integrar os proventos de aposentados inativos deste Legislativo.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2403/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que dispõe sobre a venda de cerveja em vasilhames de vidro retornáveis no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 2483/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 016/98, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que acrescenta inciso VIII ao art. 87 da Lei Complementar nº 12, de 07 de janeiro de 1975, e alterações posteriores, proibindo o uso de aparelhos de telefone celular e emissão sonora pessoal, durante a realização de aula, em ambiente fechado.

 

PROC. 2484/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/98, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que denomina Rua Tricolor um logradouro irregular localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 2495/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 122/98, de autoria do Ver. Luiz Braz, que declara de utilidade pública a Fundação Moab Caldas de Umbanda e Africanismo.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A seguir, o Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, discuto na Pauta, no dia de hoje, projeto de nossa autoria, que tenta regular uma matéria, em Porto Alegre, que, no nosso entendimento, acaba criando uma polêmica.

Através de alguns estabelecimentos comerciais, fomos informados que está havendo, nas linhas de montagem das principais cervejarias, mudanças no sentido de tirar da comercialização a chamada garrafa retornável de cerveja. Alguns estabelecimentos de Porto Alegre já colocam à disposição do público refrigerantes e cerveja com garrafas descartáveis de vidro. No nosso entendimento, por razões já anunciadas neste plenário, entendemos que isso vem causar um dano à natureza, um dano aos trabalhadores que lidam na área da coleta dos resíduos sólidos do lixo. Com a total substituição deste vasilhame vai haver o ingresso significativo deste produto nos chamados lixos residenciais. Buscamos junto a CORES, junto a COOTRAVIPA e ao DMLU, o número de acidentes de trabalho com os garis, que trabalham na limpeza urbana; que é muito grande. Entendemos que esta medida de tirar a garrafa retornável de circulação vai aumentar ainda mais os riscos, além de trazer danos ambientais no sentido de que o vidro é uma matéria-prima de grande importância e que vai acabar tendo que se fazer um processo muito maior de busca de areia para a produção desta matéria-prima.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em duas vezes me pronunciei contrariamente ao Projeto de V. Exa. dizendo que todos os supermercados tinham garrafas retornáveis. Eu desconhecia a existência de garrafas não-retornáveis. Uma cervejaria imprime na garrafa, não-retornável, e tem setecentos mililitros. Mas eu acho que são leis de mercado que a Câmara Municipal não tem condições de legislar sobre ela. E na última sexta-feira nós, mais ou menos, concordamos com as dificuldades de legislar por parte do Município na produção de cerveja.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Com certeza, Ver. João Dib, a própria Procuradoria da Casa nos alertou sobre esta questão. É do nosso entendimento que o produto comercializado na Cidade causa benefícios ou danos à cidade e ao cidadão. A nossa intenção é chamar a atenção dos Srs. Vereadores e da população, que cada vez mais construímos uma visão das coisas descartáveis. Hoje, é a garrafa de cerveja que não é mais retornável, é descartável. Em outras sociedades, na Europa, na América do Norte, um conjunto de outros produtos já se tornaram descartáveis. Em algumas cidades da América do Norte é comum encontrar um automóvel na rua que foi descartado por alguém. Tudo passa a ser produto descartável dentro desse sistema. O nosso Projeto tem a intenção de destacar o dano que esse sistema traz à natureza, o dano que traz aos trabalhadores, à comunidade de Porto Alegre.

Conversando com pequenos comerciantes que vendem cerveja, perguntamos o que vamos fazer com a quantidade de garrafas que não são descartáveis. Não obtivemos resposta. Tentamos fazer contatos com as empresas para saber o que seria feito com a quantidade de vasilhame que hoje é retornável. Também não obtivemos resposta.

No nosso entendimento, essa medida das cervejarias traz um prejuízo à natureza, ao cidadão. Logo, a Câmara de Vereadores é responsável e é necessário que ela faça um debate sobre o assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Clênia Maranhão.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste período de discussão dos processos em andamento nesta Casa, queria me referir, especificamente, ao Projeto trazido pelo Ver. Lauro Hagemann que se refere a necessidade urgente do habite-se dos moradores do Parque dos Mayas. Praticamente, duas mil famílias de porto-alegrenses, desde 1987, vivem o drama e a insegurança da luta por moradia no Parque dos Mayas. Muitas vezes, esta Casa procurou a solução para a ocupação do Parque dos Mayas buscando a negociação entre os Poderes Estadual e Municipal e da empresa Guerino para uma solução do impasse que atingia, praticamente, duas mil famílias de moradores do Parque dos Mayas. Tive a responsabilidade de presidir nesta Casa uma comissão de negociação que procurava a solução do impasse de uma década. No ano passado, em uma ação decisiva do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em ação conjunta com a Câmara Municipal de Porto Alegre, Assembléia Legislativa, a Cooperativa dos moradores e a Empresa Guerino, se construiu uma solução, através da Casa Civil, da Secretaria da Região Metropolitana, com recursos advindos do BANRISUL as famílias conseguiram dar um passo decisivo para adquirirem suas casas no Parque dos Mayas. O acordo que foi estabelecido definia a necessidade de que as famílias tivessem os habite-se concedidos pelo Poder Público Municipal. Comemorava-se assim um grande avanço na luta pela moradia em Porto Alegre. Muitos de nós estivemos no Palácio no dia em que o Governador Antônio Britto, ao lado dos representantes da Prefeitura e da Câmara, assinava os documentos necessários para que as famílias tivessem os recursos e pudessem, enfim, resolver o impasse do Parque dos Mayas.

Porém, até agora as famílias não conseguiram a obtenção dos habite-se junto às autoridades municipais. Recorreram à Comissão de Habitação desta Casa que, através do Ver. Lauro Hagemann, encaminharam um projeto de lei para que possamos definir a aquisição do habite-se para aquelas famílias que estão no Parque dos Mayas em unidades que não oferecem riscos à sua segurança. Este Projeto é de absoluto interesse social, trabalha a questão da função social da propriedade, e não podemos, enquanto Vereadores, nos basearmos numa concepção jurídica que define a responsabilidade dos habite-se para o Poder Executivo Municipal. E também não podemo-nos omitir de realizarmos aqui uma pressão política para que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre acelere o processo de liberação dos habite-se para as duas mil famílias moradoras do Parque dos Mayas.

Considero isso fundamental, porque senão as famílias terão o vencimento antecipado do conjunto da sua dívida, e toda a negociação, todas as conquistas dos moradores do Parque dos Mayas poderão estar ameaçadas. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome da nossa Bancada, do PDT, comparecemos a esta tribuna para manifestar a nossa desconformidade em relação aos chamados recentes serviços municipais de trânsito, sob a responsabilidade da SMT, através dos guardas municipais, os chamados azuizinhos.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, procedimentos profundamente lamentáveis em relação ao trânsito da Cidade, revelando - por parte desses guardas de trânsito - despreparo para a função para a qual foram investidos, ou uma ordem especial. Não é uma afirmativa, é uma presunção de que a ordem é ir para a rua para multar, para arrecadar. É evidente que não podemos acreditar nisso.

Os taxistas, no Centro da Cidade, Srs. Vereadores, estão sendo constantemente vítimas do autoritarismo e da arbitrariedade de pessoas que estão sem o preparo necessário para o exercício da função da Guarda Municipal de Trânsito. E agora com a ampliação para o conjunto da Cidade, os desmandos estão sendo maiores. E por esta razão, manifestamos a nossa irresignação em relação aos serviços de trânsito municipal. Nós entendemos que um serviço, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que está sendo implementado, deveria ter mais do que nunca uma natureza pedagógica, da implantação desse serviço, porque sempre fomos adeptos do serviço municipal de trânsito, do velho e antigo guarda de trânsito da Cidade.

No entanto, não está havendo do novo guarda de trânsito municipal uma integração com a comunidade no sentido de educadamente orientar as pessoas e dar um sentido maior a sua atividade nesse primeiro momento. Mas, simplesmente, o que funciona é a multa pela multa e, notadamente, na pequena infração, do estacionamento em lugar proibido e outras coisas desse gênero, quando, num primeiro momento, se poderia ter uma ação de natureza pedagógica. Ver. Cyro Martini, V. Exa. que já passou pela direção do DETRAN sabe que eles poderiam ordenar e organizar o caótico trânsito da Cidade de Porto Alegre, mas, ao contrário, estão retroagindo, porque o momento era de orientação em relação ao fluxo diário, colaborando na organização do trânsito e nos momentos mais graves de congestionamento.

O que há é uma política rígida por parte da Administração Municipal que implantou o sistema municipal de guarda de trânsito, onde está preponderando o arbítrio, o autoritarismo e não uma política de natureza pedagógica, de integração com a sociedade como um todo. Nós somos, efetivamente, a representação política da Cidade de Porto Alegre, e as reclamações estão chegando não apenas a este Vereador, mas a outros Vereadores da Casa, acredito que até a totalidade já está começando a receber reclamações da sociedade que não concorda com os procedimentos aplicados pela guarda municipal de trânsito.

Não estamos defendendo a impunidade, achamos que as pessoas têm que ter responsabilidade, a disciplina da organização de uma estrutura viária da Cidade, que não podem estacionar os carros em lugares proibidos, há toda uma série de procedimentos a serem respeitados, isso é absolutamente correto. No entanto, já se notava de forma errada essa prática no centro da Cidade, agora, as reclamações estão em toda a Cidade, em relação a essa Guarda de Trânsito, que deveria ser aplaudida e bem recebida pela sociedade. Está criando um poço entre a Guarda de Trânsito Municipal que está sendo implantada e a sociedade pelos procedimentos ditatoriais que estão sendo praticados pelos Guardas Municipais.

Nossa proposta, portanto, é um alerta, e a nossa irresignação em relação aos procedimentos da Guarda Municipal do Trânsito, aqueles que simpática e carinhosamente deveriam ser acolhidos pela Cidade como os nossos azuizinhos. Como o retorno da antiga Guarda de Trânsito, não! Está se criando uma relação não de amor, mas de ódio e por isso a nossa desconformidade e a manifestação de inconformidade sobre tudo em relação aos procedimentos autoritários da Guarda Municipal de Trânsito que não atribuímos somente a eles, certamente estão recebendo ordens para arrecadação, de repente, esse procedimento não é compatível com uma política correta de integração com a comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. Isaac Ainhorn, solicito que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que, feitas as cópias, por parte da Comissão de Saúde e do Meio Ambiente, de um manifesto que foi ontem assinado por cerca de dezoito entidades não-governamentais e entregue na Assembléia Legislativa do Estado e também no Palácio Piratini que a Mesa providenciasse a distribuição para todos os Vereadores dada a importância e atualidade do tema que trata do desastre ecológico de Rio Grande.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere de imediato o Requerimento de V. Exa. e que a Mesa Diretora providencie as cópias para todos os Vereadores desta Casa.

O Ver. José Valdir solicita Licença para Tratamento de Saúde.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. José Valdir, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há aproximadamente dez dias a Folha de São Paulo publicou um editorial com o título, Moralidade Petista e é tudo aquilo que penso, e que acho em relação a esse falso moralismo, a esse purismo escamoteado que, muitas vezes, se apresenta à chamada forma petista de administrar, que revolucionou o País. Vereador, isso é uma ironia em relação a esse perfeccionismo, o partido que atingiu a perfeição, e que através de mentiras e subterfúgios, quando é da iniciativa de um Vereador, os projetos do maior mérito possível, indiscutivelmente, são bombardeados por uma postura absolutamente rígida e inadequada da Bancada do PT.

Pois, nada como um dia depois o outro, ou talvez nada como o advento de um processo eleitoral para encontrarmos essa preciosidade na Pauta de hoje, de autoria do talentoso e competente Ver. Renato Guimarães, e que diz respeito à instituição, na rede de ensino público de 1º e 2º Graus, e demais níveis, do conteúdo “educação anti-racista e antidiscriminatória”. Isto é: o Ver. Renato Guimarães quer criar uma Cadeira anti-racista e antidiscriminatória, logo advindo da Bancada do PT este projeto. Quando o Ver. Nede Soares apresentou um projeto incluindo educação sexual na infância acrescentado aos currículos, quando vários Vereadores apresentaram projetos criando novas matérias aos currículos...

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O conteúdo sobre educação sexual nas escolas foi objeto de votação neste Plenário e naquele momento em que discutimos era de autoria do Ver. Nereu D’Ávila. Sinto-me obrigada a dizer, porque fizemos um debate muito profundo, que concluímos que não nos cabe, como Vereadores, estabelecer disciplinas, mas conteúdos como indicadores para um programa e para um plano pedagógico.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: A proposta era de conteúdos e não disciplinas, e várias propostas de acréscimos de conteúdos partindo de Vereadores deste Plenário foram acremente rejeitadas pelos Vereadores da Bancada do PT, especialmente pelo Ver. José Valdir, que hoje não está aqui. O Ver. Renato Guimarães agora propõe acréscimo de conteúdo de educação anti-racista e antidiscriminatória. Ora, se o ensino nas instituições municipais não tem este conteúdo, se as nossas crianças não são educadas para isso, o que é que está fazendo o Partido dos Trabalhadores nestes 10 anos que ainda não encaminhou esse projeto anti-racista e antidiscriminatório de altíssimo mérito. Por que já não o fizeram antes? Não há motivo nenhum, primeiro, para esse tipo de proposta. Segundo: espontaneamente, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre já tinha que ter, no seu primeiro dia de administração, incluído na Secretaria Municipal de Educação - SMED, que está na contramão da história, como todo mundo sabe, por ignorar a mercoescola. Sabe perfeitamente que a atitude discriminatória e racista condenável só tem uma forma de ser combatida: através do ensino. E se o ensino não providenciou nesses dez anos de administração a Secretaria Municipal de Educação, por favor, o que é que estão fazendo o Secretário da Educação e a Bancada do PT neste plenário? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Transcorre em Pauta o Projeto de Lei Complementar de autoria da Vera. Anamaria Negroni que altera os parágrafos 3º e art. 4º, do art. 69 da Lei Complementar nº 7/73 que institui e disciplina os tributos de competência do município.

O que busca a Vera. Anamaria Negroni? Diz ela que ficam alterados esses parágrafos e estabeleceu no parágrafo 3º, que as multas serão de 2% quando o débito for pago até o primeiro dia útil do terceiro mês de vencimento.

O que é isso senão a adequação que se busca à nova realidade econômica nacional? As multas, até então, eram extremamente pesadas. O art. 69, estabelecia, no art. 3º, que a multa será de 15% sobre o valor monetariamente corrigido do tributo; e no art. 4º, que nos casos do tributo mencionado no parágrafo 2º, a multa será de 10% sobre o valor monetariamente atualizado do débito, a partir do mês seguinte à data assinalada para o cumprimento da obrigação. A Lei diz que cumula, no art. 5º, e que os juros de mora serão de 1% ao mês, a contar do início do mês subseqüente ao da data assinalada para o cumprimento da obrigação, e serão calculadas sobre o valor monetariamente atualizado do tributo. É uma cascata que em alguns casos chega a elevar a tributação em cerca de 18% ao mês, e que no presente momento se constitui, indiscutivelmente, em uma situação abusiva da parte da tributação do Município, que não pode fazer diferente, se tiver que aplicar a lei, terá que fazê-lo nos termos em que ela está estabelecida.

É evidente que a proposição da Vera. Anamaria Negroni suscitaria, como de fato suscitou, algumas dúvidas no que diz respeito a sua legalidade, porque surge o entendimento de que ela poderia determinar a redução da receita do Município e com isso a iniciativa não seria de um legislador, e sim, privativa do Chefe do Poder Executivo do Município. A Vera. Anamaria Negroni, até habilidosamente, permitiu que esse processo dormisse - esse é o termo exato - por cerca de um ano, para que só agora retornasse à discussão.

Eu quero assinalar a importância desse Projeto, especialmente porque ele traz à discussão uma situação extremamente complexa e que tem uma atualidade muito grande, não mais podendo coexistir com o sistema tributário que estabeleça multas abusivas dentro da nossa realidade. Atualizar um tributo em tempo de inflação de 50% ao mês e acrescentar a ele mais 10%, 12% ou 15% na tributação, era alguma coisa até razoável, considerando o tamanho da tributação e o castigo que a multa em si recomenda seria proporcional ao delito assim entendido da inadimplência. Mas agora como temos inflações que beiram o zero, quando não são deflações abaixo de zero, arrecadar uma multa de 15% ao mês pela inadimplência de um tributo municipal, implicaria que a multa seria equivalente a três anos de correção inflacionaria. É abusiva essa multa, é excessiva e extremamente rigorosa e tem que ser corrigida. Vai, evidentemente, Sr. Presidente, discutir-se largamente o problema de iniciativa, mas, paralelamente a essa discussão, o assunto vem à baila, vem à discussão nessa Casa.

Então, se chegarmos à conclusão de que o vício é insanável, nós estamos...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, solicitaria a V. Exa. que concluísse a sua intervenção.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Se nós chegarmos à conclusão de que o vício é insanável, nós estamos com o debate aberto para buscar equacioná-lo com a forma adequada, o que não pode - e vou concluir, Sr. Presidente - é se manter essa situação perenemente, isto é, abuso, esse exagero “jus imperium” com relação ao eventual inadimplente, de quem se cobra e se aplica a multa que, em alguns casos, representa três vezes o índice inflacionário anual que vive o Município, que vive o Estado e que viver o País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra. Desiste. Ver. Mário Fraga.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É com satisfação que volto a esta Casa hoje, na licença do nosso candidato ao Senado Ver. Pedro Ruas, que está viajando e tirou Licença para Tratar de Interesses Particulares. Volto para falar no período de Pauta sobre Projeto do Ver. Lauro Hagemann. Aproveitando, antes, o tempo de que disponho, pedindo desculpas aos demais Vereadores, para saudar o companheiro Ver. Paulo Brum pela iniciativa de homenagear a 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência e o Centro de Reabilitação de Porto Alegre - o CEREPAL.

Em Pauta, quero saudar o Ver. Lauro Hagemann pela iniciativa. Há muito tempo, os Vereadores conhecem o que se passa no Parque dos Mayas II. Como Vereador desta Casa na outra Legislatura, e na Presidência da CUTHAB, nós fizemos diversas reuniões, inclusive lá no local, quando nos acompanharam os Vereadores Lauro Hagemann, Pedro Ruas, Guilherme Barbosa. Mas os Vereadores desta Casa, com certeza, com exceção de um ou dois, conhecem o problema do Parque dos Mayas.

O problema começou em 1987, e, daquela época, Ver. Lauro Hagemann, trago uma lembrança: o Dep. Carlos Araújo, do meu partido, ajudou aquele pessoal desde aquela época, disso não podemos esquecer. Ele segurou as invasões, impedindo que os moradores fossem tirados daquela área. O Parque dos Mayas tornou-se um bairro, e nada mais meritório do que o projeto do Ver. Lauro Hagemann, que concede uma carta de habite-se parcial. O Executivo deve dar o habite-se na sua totalidade mesmo que ele tenha que assumir um ônus maior, para deixar o Parque dos Mayas cem por cento.

Sabemos que o Governo Estadual também já contribuiu com a sua parte. Agora, a Prefeitura, dando o habite-se parcial, faltará bem pouco para tudo ficar resolvido.

 

O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mário Fraga, a grande luta dos moradores do Parque dos Mayas II, que já se prolonga por mais de onze anos, é uma luta sustentada por eles próprios. A ocupação que se deu ali foi em função da necessidade de moradias.

O Projeto do Ver. Lauro tem o mérito de dar segurança aos moradores, se concedido o habite-se especial.

O SR. MÁRIO FRAGA: Ver. Losada, tenho certeza de que V. Exa. também conhece o problema e tem participado das reuniões e ajudado aquele povo.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Mário Fraga, faço votos que se consiga uma solução correta e digna para os moradores do Parque dos Mayas. E que não se pague o dobro do preço, 1.2 o CUB/m2, quando a avaliação do Leopoldina é 0.6.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Agradeço o aparte, Vereador, e concordo plenamente com sua exposição visto que já foi discutido isso nesta Casa há muito tempo. Para terminar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, queria elogiar mais uma vez o projeto do Ver. Lauro Hagemann e espero que no dia da votação desse projeto eu possa estar aqui nesta Casa novamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Conforme requerimento já formulado pelo Ver. Paulo Brum, logo após a Comunicação de Líder do Ver. Carlos Garcia, pelo PSB, vamos ingressar no período do Grande Expediente, que é hoje é destinado a homenagear a 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências e o Centro de Reabilitação de Porto Alegre.

Com a o Ver. Carlos Garcia em Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, funcionários e alunos do Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL. E, congratulando o CEREPAL, parabenizo o Ver. Paulo Brum pela sua iniciativa e, ao mesmo tempo, porque hoje, no Grande Expediente, o Partido Socialista iniciativa não falará, mas já outorga ao Ver. Paulo Brum falar em nome do PSB, porque realmente constatamos que V. Exa. é a pessoa credenciada nesse assunto. O assunto que nos traz neta tarde é um assunto que estamos debatendo pela oitava vez. Já havíamos dito que falaríamos tantas vezes quanto fosse necessário, é relativo às bolsas de atletas que o Estado do Rio Grande do Sul, através do Sr. Governador, ficou de pagar a atletas de diversas modalidades esportivas.

Começamos a fazer as denúncias em junho, recebemos uma informação de que seriam pagas duas semanas depois. Fizemos uma denúncia em julho, outra em agosto. Veio uma correspondência, mais recentemente, do diretor do DESP, informando que esse assunto estava com a Federação. Só que, mais uma vez, o Governo do Estado não paga esses atletas. Nós informamos que essas bolsas perfazem valores de um salário mínimo até dois mil reais, valores que, para inúmeros atletas, deixaram os seus estágios, os seus trabalhos, para se dedicarem exclusivamente ao desporto e, conseqüentemente, muitos alunos estão atrasados nas diversas universidades particulares, porque não recebem a contrapartida do estado. Dissemos, na oportunidade, que o Governo do Estado está devendo sete parcelas. O que estamos encarecendo, novamente, é quando o Governo do Estado do Rio Grande do Sul irá efetuar o pagamento, porque parece que isso é brincadeira. Sistematicamente utilizamos esta tribuna para denunciar a irresponsabilidade do Governo do Estado para o trato com a coisa pública, porque é inadmissível que o Governo do Estado leve centenas de atletas para o Palácio Piratini, faz uma grande promoção, entrega, simbolicamente, bolsas para alguns atletas no valor de um salário mínimo até dois mil reais, e vem um documento oficial do próprio governo dizendo que reconhece que está em atraso, mas que, no máximo, em uma semana, esses valores seriam repassados. E a nossa surpresa é que continua esse débito.

Então, o que nós queremos é que o Governo do Estado trate a coisa pública com seriedade, porque achamos que o público desportivo do Rio Grande do Sul foi ludibriado, enganado, e nós fomos reiterar, sistematicamente. A nossa maior curiosidade é que não sai uma linha na imprensa a esse respeito, e por que nenhuma linha sai na imprensa? Isso nós gostaríamos de saber. O que está ocorrendo? O que há com o governo que faz com que essas coisas não apareçam? Mas, felizmente, aqui é um lugar democrático, aqui é um lugar de onde pode-se dizer as coisas. E mais uma vez nós esperamos que o Governo do Estado venha aqui não com cartas para informar que uma hora são as federações e outra hora são os relatórios que não são efetuados, o que esses inúmeros atletas estão esperando, na realidade, são os ressarcimentos dos seus proventos que, por uma iniciativa, o próprio Governo os ofereceu. Nenhum atleta foi bater na porta do Governador, pelo contrário, o Sr. Governador, junto com a Secretaria de Educação e o Departamento de Desporto é que trouxeram esses atletas até o Palácio Piratini, fizeram uma grande celebração e entregaram para um, só que sete parcelas estão devendo. O Governo reconhece, mas que venham a público dizer o porquê, qual a dificuldade. O que não dá é que reiteradamente nós colocamos o assunto em pauta, eles dizem que daqui a uma semana serão pagos, e continua o débito do Governo do Estado.

No nosso entendimento o desporto é coisa séria, e nós esperamos, mais uma vez, que o Governo do Estado aja com responsabilidade. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós temos a satisfação de receber a visita dos integrantes do Comando Militar do Sul: O Gen. Justo de Moraes, Assessor Parlamentar do CMS de Curitiba/PR; o Cel. Nilo Fontoura Nunes, Assessor Parlamentar do CMS de Santa Catarina; o Cel. Rubem Peixoto Alexandre e o Cel. Fernando Dias da Silva, Assessores Parlamentares do Gabinete do Ministério do Exército de Brasília; e o nosso querido amigo Cel. Irani Siqueira, Assessor Parlamentar do CMS de Porto Alegre, que é praticamente o embaixador do Comando Militar do Sul aqui em nossa Casa.

Vou pedir ao nosso Vereador Cel. Pedro Américo Leal que faça a saudação aos nossos visitantes.

 

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um militar nunca é pego de surpresa, mas eu fui pego! V. Exas. fiquem sabendo que o Presidente Luiz Braz me pealou, - como se diz em terminologia gaúcha - quando estava eu conversando com o meu amigo “rabugento Dib”, - para que vos saudasse. Mas é muito fácil fazer uma saudação a militares nesta Casa, porque até o PT, o Ver. Guilherme Barbosa me recomendava: “Fale em nosso nome!” Ao que eu disse: “Não lhe perguntei nada!” Ele me dava praticamente todos os poderes para saudar todos os senhores. Então, Sr. General Justo de Moraes, Assessor Parlamentar do Comando Militar de Curitiba; Coronel Nilo Fontoura Nunes, Assessor Parlamentar do Comando Militar Sul de Santa Catarina; Coronel Ruben Peixoto Alexandre; Coronel Fernando Dias da Silva, Assessores Parlamentares do Gabinete do Ministério do Exército de Brasília; meu velho amigo Coronel Irani Siqueira.

O que vou-lhes dizer? Que estão em casa amiga, tão amiga que ultimamente, na semana que se foi, o Presidente, ouvindo meus apelos, colocava neste Plenário, para que resplandecesse e desse um toque de simbologia, os símbolos do Rio Grande. Porque sempre achei que de símbolos e valores vive o homem e a mulher. Tudo vive em torno dessas coisa que nós, da caserna, damos tanta importância. E não é que o civil não dê importância, mas ele se desmobiliza e, por isso, às vezes descura do culto aos símbolos. E posso dizer-lhes isso porque vivo no meio dos trinta e três e os tenho como amigos. Não sei quantas coisas já inventei nesta Casa e todos eles acabam cedendo lugar e fazem o que desejo, quase sempre algo relativo à caserna, porque tenho a caserna como um mito, uma magia. Isso me empolga e desejo transplantar para o mundo civil essas coisas importantes que temos no mundo militar, não com arrogância, mas com muita humildade, para que eles também usufruam dessas riquezas, dessa modéstia da caserna. E tem sido essa tentativa que temos feito. Na Assembléia, por dezesseis anos, fizemos a mesma coisa. Aqui, fizemos por oito anos, e sempre bem recebidos por eles, pelos trinta e três. Aqui não há, absolutamente.

V. Exas. fiquem sabendo que eu só digo o que quero, em televisões, em rádios, em tudo quanto é canto, e talvez seja até eleito porque digo o que quero e o que pretendo; nem minha mulher manda nas minhas intenções. Eles são meus amigos. V. Exas., que têm passagem na caserna, hão de dizer: “Mas que interessante, ele está apenas se preocupando em dizer coisas da amizade que ele tem aos seus colegas”. Sim, eu tenho orgulho por serem esses meus companheiros, criaturas em quem eu confio absolutamente. Vi, em seis anos, deslizes, vi erros, enganos, mas também os vi na caserna. Então, meus colegas, eu li, no dia da Pátria a carta sobre o soldado. Acho que Siqueira não estava aqui, estava o tenente, representando-o. Esta carta dizia que o militar é isso, não tem grandes objetivos, não tem grandes projeções de futuro, de realizações em seu próprio interesse, mas ele sempre marcha, à direita tendo a disciplina e à esquerda tendo a obediência. É uma carta maravilhosa, escrita de um português do Brasil para Portugal. O meu Presidente estava presente. Magnífica a carta, eu até dizia para todo o Plenário: “Vão pedir para que eu termine a carta, mas não tenho tempo.” Esta carta mostra os militares, e hoje, numa simbiose com os civis nessa tal democracia, sobre a qual tenho as minhas dúvidas.

Não gostei da risada do Ver. Isaac Ainhorn. O que ocorreu é que ele quase foi preso por mim, durante a Redentora, escapando por pouco. Eu me arrependo de não o ter prendido.

V. Exas. estão em casa, somos pessoas amigas. Tive muito prazer em saudá-los. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos pelas presenças do Gen. Justo de Moraes, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul de Curitiba/PR; do Cel. Nilo Fontoura Nunes, Assessor Parlamentar do Comando Militar Sul de Santa Catarina; dos Coronéis Rubem Peixoto Alexandre e Fernando Dias da Silva, Assessores Parlamentares do Gabinete do Ministério do Exército de Brasília; e do nosso querido amigo Cel. Irani Siqueira, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul de Porto Alegre.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h51min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn - 15h54min): Estão reabertos os trabalhos. Convidamos o Secretário da Casa para integrar a Mesa.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Grande Expediente está destinado hoje a homenagear a Primeira Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências e o Centro de Reabilitação de Porto Alegre - CEREPAL.

Convidamos o representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Humberto Pinheiro, Assessor da Coordenação de Direitos Humanos, para integrar a Mesa; a Sra. Vera Lúcia Santos, Presidenta do CEREPAL; o Capitão Intendente Roberto A. Maciel, que nesta oportunidade representa o Comandante do 5º COMAR - 5º Comando Aéreo Regional.

O Ver. Paulo Brum está com a palavra, como autor da proposição.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Neste momento comemoramos a 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências, proposição nossa, aprovada por esta Casa e instituída pelo Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre.

Nada mais justo do que fazermos, neste momento, uma homenagem ao CEREPAL. Por que uma homenagem ao CEREPAL? Eu sempre digo: “que bom se nada disso precisasse acontecer, se nós, portadores de deficiências, não precisássemos de uma semana, de um dia, de um ano, que nós tivéssemos, já, os recursos e o reconhecimento a que temos direito.” Mas, infelizmente, a realidade é outra e como realidade temos que pensar, temos que repensar. Neste momento, declaramos que tivemos, ao longo de nossos anos, que superar as barreiras que porventura aparecem no nosso caminho. Buscamos, por muitos anos, o reconhecimento, o respeito da nossa sociedade. Éramos vistos apenas como os portadores de deficiência que buscavam a caridade, a benemerência social. Sempre fomos tachados como símbolo dos esmoleiros, da mendicância e vivíamos apenas da caridade alheia. Muito bem. Com luta, garra e determinação dos pais, mães e dos próprios deficientes que foram às ruas buscar conquistar os espaços que lhe são de direito, conquistamos o nosso lugar na sociedade. Hoje, temos o respeito da nossa sociedade.

Em um segundo momento, buscamos o reconhecimento do Poder Público. Primeiro, o reconhecimento do Poder Legislativo. Em segundo lugar, buscamos e conquistamos a sensibilidade dos nossos administradores municipais e podemos dizer que no dia em que comemoramos a Primeira Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência, temos avanços e conquistas.

Sr. Presidente, é com muita honra que digo para esta Casa que foi protocolado, no dia de hoje, um Projeto de Lei do Executivo Municipal que dispõe sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas em edificações e logradouros de uso público para banirmos de vez as barreiras que, porventura, atrapalham a busca da nossa integração. A razão maior é a homenagem que este Legislativo presta ao CEREPAL - Centro de Reabilitação de Porto Alegre. Temos um marco na nossa história de luta que foi a Constituição promulgada em 1988, onde, com a luta dos portadores de deficiência, das entidades organizadas conseguimos escrever que todo o portador de deficiência tem direito à reabilitação, à habilitação e à integração social.

Homenageamos o CEREPAL no dia de hoje porque o Centro de Reabilitação de Porto Alegre, desde o ano de 1964, já vem buscando essas determinações. o Centro de Reabilitação é um modelo, não só para o Rio Grande, não só para Porto Alegre, mas para todo o Brasil.

O CEREPAL foi fundado em dois de março de 1964 por pais de crianças portadoras de lesão cerebral que, preocupados com a inexistência de recursos para tratamento de pessoas portadoras de cuidados especiais, fundaram essa entidade. O CEREPAL caracteriza-se por ser uma entidade filantrópica e beneficente de caráter assistencial e que enfrenta muitas dificuldades financeiras, mas, graças a atuação de sua diretoria, de colaboradores e de pais, tem-se mantido ao longo dos anos procurando oferecer sempre o melhor tratamento aos pacientes que, na maioria, são pessoas carentes, com baixo nível sócio-econômico.

O CEREPAL é a maior instituição que trata de lesionado cerebral no Rio Grande do Sul.

Queremos deixar registrado nos Anais desta Casa esta singela homenagem que o Legislativo de Porto Alegre presta na 1ª Semana Municipal da Pessoas Portadoras de Deficiência ao CEREPAL. Aos seus diretores, a minha querida amiga, Vera Lúcia, aos seus técnicos, aos seus pais, mães, famílias que bravamente vêm lutando, que Deus ilumine a todos vocês, e que nós possamos, sim, prestar um verdadeiro serviço de integração das pessoas portadoras de deficiência. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com emoção que saudamos, neste momento, a presença de todos vocês aqui nesta Casa. Saudamos igualmente a iniciativa do requerimento do Ver. Paulo Brum, que solicitou a realização deste Grande Expediente em homenagem à 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiências, e também é uma homenagem ao Centro de Reabilitação de Porto Alegre. É uma Instituição que já tem trinta e cinco anos em nossa Cidade.

Porto Alegre tem sido pioneira - numa época de crise, de dificuldades - no reconhecimento dos direitos de cidadania dos deficientes.

Não está se fazendo tudo aquilo que deveria ser feito. Há poucos momentos, aqui da tribuna, numa Comunicação de Líder, pelo meu Partido, o PDT, eu criticava o procedimento dos chamados azuizinhos, que deveriam ser carinhosamente chamados assim, que é a Guarda Municipal de Trânsito e que por algum procedimento autoritário, eu cobrava do Executivo uma ação para que integrasse esses guardas à sociedade não permitindo que eles se transformassem em pessoas que desenvolvessem uma atividade odiosa.

Mas se eu, há poucos momentos estive nesta tribuna para criticar a Administração Municipal, é importante que se registre que, por ocasião da comemoração da 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência, nós façamos um reconhecimento público, Ver. Mário Fraga, ao trabalho da Administração Municipal, que tem sido pioneira em muitas iniciativas em relação aos direitos dos deficientes de toda a espécie.

Ouvimos há poucos momentos o Presidente Luiz Braz apregoando Projeto de Lei do Executivo que determinava a retirada na Cidade de Porto Alegre das chamadas barreiras arquitetônicas existentes em diversos prédios da nossa Cidade.

O Ver. Paulo Brum, que me antecedeu, saudou também essa iniciativa do Executivo. O que nós também fazemos.

Há cerca de uma semana, aqui nesta Casa, votava-se uma Resolução da Mesa Diretora desta Casa, e eu tive a honra de, quando Presidente desta Casa, iniciar esse processo, para criar estágios remunerados, abrindo mercado de trabalho, numa verdadeira política de terapia ocupacional a deficientes mentais, visuais, auditivos e físicos. Nós criamos, e já estão sendo implantadas nove vagas para estágio de deficientes de toda a espécie nesta Casa. Trata-se de uma referência para a sociedade de que os Poderes Públicos se encontram atentos e preocupados com essa questão.

Sabemos que contingentes de jovens deixam de prestar serviço militar por incapacidade física. Ver. Pedro Américo Leal, acho que o Exército também deveria se preocupar e permitir que pessoas portadoras de deficiência pudessem, de alguma maneira, integrar-se ao serviço militar voluntariamente, se assim desejarem, para que tenham uma integração plena na sociedade e para que não sejam excluídas.

Estamos numa época difícil em que os seres humanos têm a maior dificuldade de assistência à saúde. O dispositivo constitucional garante a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, mas diariamente esse direito tem sido violado. No entanto, lá está a beleza do dispositivo constitucional, e há cidadãos precisando de cirurgias de emergência que conseguem vaga hospitalar mediante pedido de liminar em juízo assegurando um leito hospitalar. Eu me referi aqui à situação crítica da saúde e das dificuldades nas verbas orçamentárias destinadas a essa importante área social da vida dos seres humanos.

O dia de hoje é importante, porque a representação política da Cidade de Porto Alegre promove este ato, este evento, este encontro que é um reconhecimento a instituições como o CEREPAL - Centro de Reabilitação de Porto Alegre -, assim como outras instituições importantes neste contexto de atendimento. Há pouco me perguntava o Ver. Juarez Pinheiro se eu tinha ligações com esse setor da sociedade, com essa área? - Sim, orgulhosamente tenho, como tenho com todas as áreas da sociedade, sou ligado ao Movimento Humanista de Mães de Excepcionais, sou ligado a uma instituição que hoje atende deficientes. Nós sabemos da carência de recursos que existe em relação a esta área, apesar dos esforços que têm sido feitos para melhorar.

A data de hoje e as comemorações que hoje são prestadas nesta 1ª Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência nos serve para um reconhecimento dos trabalhos que estão sendo feitos e também para um alerta daquilo que deve ser feito por uma responsabilidade maior que temos com estas pessoas, não por um dever de caridade, mas por aquilo que nós, ligados ao Velho Testamento, temos, que é pelo princípio maior, não da caridade, mas por um dever que, em hebraico, se chama tsedaká, que é o princípio maior presente no Velho Testamento que diz que o compromisso da cidadania é com a justiça social. Quando atendemos esses seres humanos, estamos promovendo apenas o princípio presente no Talmude e no Velho Testamento da tsedaká, não da caridade, da justiça social.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: (Saúda os representantes do CEREPAL e a todos os presentes.) A todos vocês um grande abraço e o orgulho que nós temos de poder tê-los aqui junto de nós. O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Luiz Braz, digníssimo Presidente da Câmara Municipal. (Saúda os componentes da Mesa e de mais presentes.) É preciso conviver para conhecer, é preciso conhecer para compreender e é preciso compreender para poder amar. Eu posso dizer com toda tranqüilidade que convivi com o CEREPAL desde seus primórdios, quando a Secretaria Municipal de Transportes, sob o meu comando, dava ônibus; e lembro até o nome do motorista: Moacir, para que o CEREPAL, na Rua Santo Antônio, pudesse dar os seus primeiros passos. Mas o CEREPAL é o que é hoje não pelo que a Prefeitura fez, não pelos discursos que são feitos por aí afora, mas pelo trabalho extraordinário dos pais daquelas crianças que tiveram e têm problemas. Não fora o carinho, a dedicação, os nomes já citados pelo nosso Presidente não estaríamos hoje aqui comemorando os trinta e cinco anos do CEREPAL.

Como eu disse, eu acompanhei os seus primeiros passos, mas acompanhei muitos outros passos ao longo do tempo. Fiz muitas visitas, inclusive com a Dona Derci Furtado, então Vereadora, depois Deputada Estadual, e íamos lá, conversávamos com todos, procurávamos ajudar. Volto a dizer: não fora o trabalho abnegado dos pais, dos médicos, daquelas pessoas que participam, não estaríamos aqui comemorando os 35 anos.

Portanto, é chegado o momento de dizer: chega de discursos! O que precisamos é de ajuda efetiva, e isto, tenho certeza, não tem sido feito. Nem o passeio do CEREPAL há algum tempo era trocado pela Prefeitura. Agora vão fazer discursos dizendo que está tudo muito bonito, que o CEREPAL é realmente grandioso, e é, mas não queremos discursos, minha querida Presidenta Vera Lúcia Santos, nós precisamos é de realização.

Esta Câmara, tenho absoluta convicção, está ao lado do CEREPAL para qualquer iniciativa do Executivo Municipal, até para acertar o local onde está instalado o CEREPAL, para dar oportunidade de ampliação, para fazer com que o CEREPAL e aqueles que o fazem grande consiga atender mais gente.

Portanto, neste momento, em nome da minha Bancada, do Ver. Pedro Américo Leal e João Carlos Nedel, e meu próprio, quero cumprimentar a toda esta gente abnegada, quero cumprimentar a essas crianças que lá estão, e dizer que sejam felizes, que obtenham a compreensão que vem do conhecimento, e o amor que vem da responsabilidade de cada um, cidadão desta Cidade. Mas, excepcionalmente, o amor do poder público municipal, estadual e federal, que não basta decretar utilidade pública, é preciso que torne viável esse maravilhoso trabalho que os pais vêm fazendo ao longo de tanto tempo com esforços próprios iniciados na Rua Santo Antônio, numa casa alugada. A primeira vez que eu entrei lá na Rua Santo Antônio fiquei emocionado, passei a conhecer algo com que pouca gente se preocupava: o deficiente. Era uma coisa nova na Cidade de Porto Alegre. Esta preocupação de alguns pais, de esconder os filhos, mas ali estavam pais que tinham um amor extraordinário para dar não só para os seus filhos, mas cuidavam dos filhos dos outros como se seus fossem. E ali eu aprendi os primeiros exercícios que vim a fazer na fisioterapia, o sapinho, e outros tantos que o amor e a dedicação daquelas mães proporcionavam às crianças para que elas pudessem se recuperar. E isso não há o que pague, não há discurso que faça a alegria de todos.

Meus senhoras, minhas senhoras, é claro que é importante ter o seu trabalho reconhecido, mas muito mais importante é que o trabalho seja ajudado para que mais gente e mais crianças possam ser ajudadas. Saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana cede o seu tempo à Vera. Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É preciso, Srs. Vereadores e Vereadoras que sejamos tomados de verdade pela presença da comunidade, das famílias, das mães, dos pais, professores, assistentes sociais, de um modo muito especial, desses adolescentes e crianças que estão aqui, para podermos, nas nossas falas, traduzir o nosso agradecimento ao CEREPAL, mas também marcarmos, nesta Semana dos Portadores de Deficiência, o que significa, para todos nós, lutarmos pela cidadania e pelos direitos humanos de todas as pessoas. Sem dúvida, a sociedade exclui as pessoas. Ela escolhe aqueles que considera mais bonitos, aqueles que considera perfeitos, enfim, os que podem ser integrados dentro dela. Que perverso modelo é esse que classifica as pessoas e que exclui boa parte dos seres humanos, que são tão maravilhosos? Nós chegamos, muitas vezes, a escorregar na própria linguagem e categorizar, classificar determinadas pessoas como deficientes.

O que há por trás da palavra deficiente? Deficiente será aquele que não é eficiente? Mas não é eficiente para quem? Para quê? Para o sistema produtivo e para o lucro, na possibilidade de ser incluído num mundo do trabalho, que suga das pessoas tudo o que elas possam dar?

Nós não queremos mais que as pessoas sejam classificadas como eficientes ou deficientes. Todos nós, em alguma medida, somos portadores de deficiências, de limitações, e somos chamados, tanto e tanto, a superar essas limitações! A nossa tarefa como sociedade é, sem dúvida, procurarmos retirar todas as barreiras, e a primeira que precisamos superar é a do preconceito, a da desigualdade, a barreira de não nos permitirmos conviver, de não nos permitirmos entender que todos temos uma contribuição a dar dentro dessa sociedade. Com trabalho, com escola sempre é possível aprender, sempre é possível avançar. Isso é da dimensão e da natureza humanas. É preciso acreditar sempre no ser humano e na vida, e é preciso entender o nosso trabalho, a nossa persistência e, especialmente nessa questão, a persistência das famílias, das mulheres que - permitam-me dizer -, tantas vezes, ficam sozinhas nessa caminhada, com seus filhos, a persistência das famílias que enfrentam tantas dificuldades. Sempre é possível fazer alguma coisa, enfrentar.

O que estamos querendo dizer é que está na hora de afirmarmos, dentro da sociedade, políticas públicas que atendam a toda a população. Quando observamos protocolado, no dia de hoje, um Projeto de Lei que propõe à Cidade de Porto Alegre enfrentar e remover todas as barreiras arquitetônicas que possam existir, nós estaremos avançando numa cidade que, de fato, pode ser igual para todos.

Eu sei que as pessoas que são portadoras de deficiências, que têm necessidades especiais, não querem nenhum privilégio, nenhum atendimento diferenciado, não querem o clientelismo nem paternalismo, só querem políticas que realmente dêem oportunidades diferentes para quem precisa de oportunidades diferentes para poder estudar, trabalhar e assumir dentro da sociedade um papel de valorização, e ser valorizado pelo que possa fazer, pelo que possa sorrir, pelo que possa abraçar o outro, pelo que possa contribuir com ela, pois muitas vezes a contribuição de uma pessoa vai ser o abraço que ela tem para nos dar, afetivo, carinhoso, comprometido, cheio de boa-vontade, de pureza, de quem tem o mundo inteiro e uma crença enorme de que nesta sociedade todos possam ser considerados iguais, resguardadas e respeitadas todas as diferenças.

Nesta semana, cabe dizer, e digo também em nome do Ver. Henrique Fontana, cujo espaço ocupamos nesta tribuna, e de toda a Bancada do PT, de que a nossa caminhada é pela equiparação de oportunidades; lutar pela escola, pelo trabalho, por comunidades terapêuticas, por atendimentos, e conquistar políticas públicas que resguardem, na área de educação e da saúde, os recursos necessários para o atendimento diferenciado a quem é muito especial para a nossa vida e a quem temos que agradecer, e muito, que esteja aqui conosco, no dia de hoje. Muito obrigada.

 

(Não revisto pelo oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e cede o seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente. (Saúda os componentes da Mesa.) Quando eu vi a programação de hoje a inserção destinada a homenagear a Semana Municipal de Pessoas Portadoras de Deficiências e homenagear o Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL, o primeiro pensamento foi de congratulações com o Ver. Paulo Brum, autor do projeto e promotor desta solenidade tão importante na história desta Câmara. É de extrema importância e, pela sua importância e pela sua eminência como solenidade, eu pedi para falar no lugar do Ver. João Carlos Nedel, a quem agradeço a cessão do espaço, para conversar com vocês, contar a minha experiência pessoal. Com isso talvez alguma coisa eu possa acrescentar a esta festa, a esta maravilha que são as pessoas congraçadas em voltas dos nossos. Sejam especial, deficientes, eficientes, competentes, não importa essa gregariedade em volta desses desassistidos do CEREPAL.

Eu gostei muito do que disse a Vera. Maria do Rosário, que todos somos deficientes de alguma forma. Um dia eu aprendi em um Congresso de Odontologia para Pacientes Especiais - o Ver. Juarez Pinheiro era diretor também junto comigo do Grupo Hospitalar Conceição -, e já tive muitas dificuldades de falar devido à emoção, pois entendo ser um dos grandes episódios que ocorreu na minha carreira como médico. Eu tinha que operar um portador de deficiência, que era hipercinético, e o anestesista tinha grande dificuldades em anestesiá-lo pelos movimentos exagerados que essa pessoa fazia. Na verdade, ela tinha o tamanho de uma criança e suas reações eram muito fortes. O anestesista, com essa dificuldade, chamou uma pessoa com experiência em anestesia de pessoas que tinham essa excepcionalidade. E eu vi um gesto deslumbrante que se abrigava, ao mesmo tempo, um dos grandes paradoxos do nosso fim de século, de um lado, e temos que prestar atenção, em caráter permanente, da tragédia de uma criança portadora de uma deficiência física e mental e, de outro lado, a grandeza humana de uma pessoa que, aos pouquinhos, afagando a pele daquela criança, num amor epidérmico, foi acalmando-a, dizendo-lhe palavras doces, e essa criança, que supomos nada entendesse do que se passava, foi-se acalmando, permitiu que se achasse uma veia, se injetasse o anestésico e, então, foi feita a operação. Esse trabalho só pode ser medido uma unidade de medida humana, que é a grandeza humana. Essa é a unidade de medida que se pode avaliar esse tipo de trabalho.

Então, nós decidimos levar para o Ministério da Saúde, em Brasília, uma proposta de que dois profissionais dessa área, o Dr. Sérgio Duvoisin e Dra. Maria da Graça Santos, faziam um trabalho magnífico, de correção dentária, sob anestesia geral, de todos os problemas, num ato só. Ao invés de retirar os dentes estragados, era feito um trabalho de dentística, meu caro dentista, Dr. Melecchi. Além da anti-sepsia que se fazia, era feita a reconstituição dos dentes, um trabalho longo, sob anestesia geral, e fazia com que desaparecessem as infecções pulmonares e as pneumonias, freqüente causa de morte dessas pessoas. Essas pessoas que sentiam dor intensa, deixavam de tê-la e assim melhoravam da sua hipercinese. Elas passavam a se alimentar e desapareciam as escaras de decúbito. Havia melhora e havia, enfim, um hino de glória à grandeza humana.

A restauração, no máximo que se pode, desse processo, que hoje atende a mais de quatrocentas pessoas por ano e que o Ministério da Saúde garante como um Projeto pioneiro. E faz com que o Grupo Hospitalar Conceição atenda todo o Rio Grande do Sul escrevendo as pessoas portadoras de deficiências e fazendo esse tipo de trabalho magnífico de prevenção, de restauração e, principalmente, de entendimento das relações humanas. Muitas vezes quando vemos uma criança com deficiência e que nós achamos que não percebe os seus problemas em volta, eu conto essa história magnífica de entendimento, de compreensão, inclusive, do Estado que nos fez fazer um “puxado” no Hospital Conceição que se chamava de “Puxado Sebenelo”, mas que era, indiscutivelmente, uma das coisas mais maravilhosas que hoje funciona lá, num projeto audacioso, contraditório e muitas vezes, incompreendido.

Hoje, nesta cerimônia, por este trabalho fantástico do CEREPAL, nesta tarde inesquecível de congraçamento com os nossos deficientes, nos declaramos - todos nós - deficientes. E se somos mais ou menos, um dia o seremos totalmente. Mas enquanto isso, o nosso coração, o nosso trabalho não pode jamais ignorar a grandiosidade do que acontece nesse tipo de relação. Nesta tarde sim, há o que comemorar, porque eu lhes asseguro com toda a veemência, com toda a certeza, inequivocamente, que o amor é capaz de tudo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra, mas cede o seu tempo ao Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Os antigos e sempre atuantes, como a Dona Ruth, Sr. Carlos, Sr. Mário Farias, o Sr. Rubens, a Dona Jurema, enfim, todos aqueles que sempre lutaram pelo CEREPAL. Este é um momento muito especial para nós, porque, pela primeira vez, estamos comemorando a Semana dos Portadores de Deficiência no Município de Porto Alegre, iniciativa do Ver. Paulo Brum, e que se transformou em lei e também porque homenageamos o CEREPAL, que conheço desde 1973; então, há vinte e cinco anos que o acompanho. Acompanho, desde o seu início, a sua atividade, a preocupação dos pais com o futuro dos seus filhos.

E lembro-me da preocupação de todos os membros da direção do CEREPAL e tenho certeza, a sua Presidente, mais preocupada, ainda, pelas responsabilidades do cargo, em ampliar as atividades do CEREPAL, preservando a continuidade do atendimento e a permanência de todos na Entidade. Quando entrei na Câmara dos Vereadores, em 1993, preocupei-me em buscar espaços para criarmos legislações que viessem a tornar as coisas mais iguais para aqueles que tinham algum tipo de deficiência. Tive um assessor, no meu gabinete, que seu filho nasceu com uma lesão cerebral, ele perdeu o emprego, passou dificuldades para conquistar um espaço na sociedade, porque tinha um filho deficiente.

Hoje, temos dois pontos importantes para destacar; primeiro que eu, naquele momento, não tive o sucesso que gostaria de ter por não ser um portador de deficiência. E como presidente da Comissão de Educação e Cultura desta Casa, em 1995/1996, entrei em contato com o CEREPAL e outras entidades para ver uma forma de colaborar e cumprir com o nosso dever.

Mas depois que o Ver. Paulo Brum chegou a esta Casa, em 1995 as coisas foram se modificando, porque passamos a ter consciência das dificuldades de um portador de deficiência. Para vocês terem uma idéia, inauguramos, na semana passada, uma tribuna onde o Ver. Paulo Brum pôde chegar pela primeira vez com a sua cadeira de rodas. Depois de três anos de mandato o Ver. Paulo Brum pôde chegar à tribuna, como nós. Quando o Vereador Paulo Brum chegou aqui não havia banheiro especial, não havia elevador, não havia o acesso que cada um de nós merece ter, para ter uma convivência normal. A presença do Ver. Paulo Brum como um portador de deficiência, defendendo os interesses de todos, fez com que nós passássemos a enxergar de outra forma essa relação. Fez também com que as autoridades municipais passassem a entender de forma diferenciada.

Lembro que várias vezes vim à tribuna pedir que pelo menos arrumassem o meio-fio, para que ali pudesse passar uma cadeira de rodas. As minhas palavras não eram ouvidas, inclusive o Prefeito e os responsáveis na Secretaria de Obras não me davam atenção. Mas com a chegada do Ver. Paulo Brum, os fatos se modificaram, porque esse Vereador, portando uma deficiência, mostrou que precisamos respeitar a todos, e que a sociedade tem de ser igual para todos. O Poder Público tem o dever e a responsabilidade de olhar, igualmente, para todos. Esse foi um caminho importante que o Ver. Paulo Brum trilhou, e que serviu muito para que entendêssemos o que é conviver com um problema de deficiência física, mental, auditiva, visual, enfim, com qualquer tipo de deficiência. É importante que tenhamos consciência dessa realidade. É importante que aqueles que nos assistem, que nos ouvem, porque aqui há um canal de televisão transmitindo hoje esta Sessão, esta cerimônia, que as pessoas que não portam deficiências ou que não tenham um deficiente em sua família, saibam compreender e ter o espírito voltado para estar com a sua mão sempre estendida para apoiar, incentivar e ajudar os que precisam desse apoio. Nós precisamos, cada vez mais, fortalecer essa relação.

O Ver. Paulo Brum teve um papel fundamental dentro da Câmara de Vereadores para fazer com que enxergássemos como tínhamos de avançar em termos de legislação em nossa Cidade, e precisamos avançar em nível de Estado e em nível Federal, fazendo com que a sociedade seja igual para todos, que todos tenham os mesmos direitos. Essa tem sido a luta permanente do Ver. Paulo Brum em Porto Alegre, inclusive hoje ele preside a Federação Estadual das Entidades de Portadores de Deficiências, justamente para fazer valer questões que parecem tão básicas e que não são tratadas com a devida importância.

Deixo aqui registrado o meu reconhecimento ao trabalho de todos aqueles que lutam por direitos iguais, o meu reconhecimento especial ao Ver. Paulo Brum, que nos possibilitou estarmos aqui neste momento fazendo a homenagem à Semana dos Portadores de Deficiência e também fazendo a homenagem ao CEREPAL, e pedir aos pais do CEREPAL, todos aqueles que participam e colaboram dentro daquela Entidade, que não desanimem, continuem essa caminhada tão bonita e que incentivem cada vez mais outros a participar, a se agregar e se fortalecer fraternalmente para que possa se avançar cada vez mais no atendimento a todos e que se possa também fazer com que todos sejam iguais perante a sociedade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar as presenças dos Vereadores do PSDB de Três Passos, o Argemiro Gomes Filho, Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Três Passos e o Altino Moreira de Campos, Vice-Presidente Municipal do PSDB, de Três Passos. Sejam bem-vindos aqui na Casa do Povo de Porto Alegre.

As bancadas foram todas representadas pelos Vereadores que ocuparam as tribunas.

Teremos agora a presença dos homenageados, que também nos darão o prazer de ocupar a tribuna através de dois representantes.

Com a palavra o representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Humberto Lippo Pinheiro, Assessor de Coordenação de Direitos Humanos.

 

O SR. HUMBERTO LIPPO PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Sra. Vera Lúcia Costa, representante do CEREPAL; senhor representante do 5º Comar; caro Ver. Paulo Brum, que tem se destacado, não só no âmbito desta Casa, mas principalmente na Cidade de Porto Alegre por sua atuação firme e propositiva no sentido de remover os entraves à integração social das pessoas portadoras de deficiências, senhoras e senhores.

Quero inicialmente me somar às homenagens prestadas ao CEREPAL, reconhecendo, em nome da Prefeitura, em nome do Prefeito Raul Pont, o trabalho abnegado que, ao longo dessas mais de três décadas, tem sido feito no sentido da integração social das pessoas portadoras de deficiência, notadamente, daqueles mais carentes e mais atingidos pela perversidade do nosso sistema econômico-social, excludente e segregador.

O próprio CEREPAL, por ocasião do encerramento da Semana Municipal, em um ato público que foi realizado no salão nobre da Prefeitura, já recebeu da Prefeitura o reconhecimento do seu trabalho, através de uma homenagem recebida juntamente com outras entidades, em que foi distinguido com uma menção honrosa em que reconhece todo o trabalho prestado pela cidadania de Porto Alegre.

Nós também somos oriundos do Movimento de Portadores de Deficiência e sabemos das dificuldades de trabalhar na adversidade, especialmente para questões como esta, a quem historicamente tem sido negada as oportunidades de convívio e de integração.

O Ver. João Dib, com muita propriedade, mencionou a questão da importância destes momentos e disse que é fundamental que sejam consagrados, com atos concretos, no sentido de promover a verdadeira integração entre os portadores de deficiência.

A Prefeitura de Porto Alegre está sensível a esta questão. Foi criada, na atual gestão, a Coordenação de Direitos Humanos e Cidadania que, na sua estrutura, compreende a Assessoria de Portadores de Deficiência que esta instância, pela primeira vez na história do Executivo de Porto Alegre, existe, no sentido de encaminhar as políticas públicas para todas as áreas a fim de remover esses entraves.

É importante dizer que, embora se trabalhe com uma estimativa populacional de um número de pessoas portadoras de deficiência feita em 81, por ocasião do Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, uma estimativa da Organização Mundial de Saúde dá conta de que o número de portadores de deficiência seria na ordem de 10% da população. Hoje, baseados em dados de levantamentos de recenseamento da população de países como os Estados Unidos da América, que no seu último censo, apontou um índice de 20.6% da população de pessoas com dificuldade de locomoção. Esse dado se aproxima com um dado que a Suécia trabalha há algum tempo que é de 19%. Há alguns dias, tomei contato com um dado do Governo da Espanha de que 21,8% da população daquele país apresenta problema de déficit físico-sensorial e mentais. Se países economicamente desenvolvidos, considerados do Primeiro Mundo, trabalham com percentuais populacionais na casa de 20%, é de se esperar que no Brasil, por todos seus problemas estruturais esse número, com certeza, não será menor. Somos capazes de apostar que, infelizmente, esse contigente é maior no nosso país e a nossa realidade, portanto, é ainda muito mais grave nesse aspecto. Se agregarmos a esse contingente populacional outros setores que apresentam dificuldades no uso do espaço construído, tal como ele é configurado, falo especificamente de crianças muito novas, idosos, doentes crônicos, gestantes, deficientes temporários que são pessoas que, momentaneamente, vêem reduzida a sua capacidade de locomoção, seguramente, estamos falando da maioria da população. Iríamos a 100% da população se consideramos o aspecto da prevenção de acidentes. É fundamental que se tenha isso em mente.

Quando se propõem iniciativas como esta do projeto de lei encaminhado pelo Executivo, e já apregoado no início desta Sessão, não se está, exclusivamente, atingindo aqueles que hoje apresentam uma deficiência de locomoção mais acentuada, mas, fundamentalmente, se está visando a totalidade da população. Quem sabe contribuindo para que essa população não venha a sofrer no futuro algum déficit dessa ordem. Vou ler um trecho da justificativa do Projeto de Lei, encaminhado pelo Sr. Prefeito, pois, penso, que ele encerra o objeto e toda a envergadura dessa proposta, que é nova, que é ousada, principalmente porque ele não só, incide na remoção da barreira do que vai ser construído, mas, fundamentalmente, porque obriga o que já está construído a se adaptar. Esse é o aspecto revolucionário dessa lei. Diz a Justificativa do projeto de lei, encaminhado e protocolado nesta Casa, hoje: (Lê.)

“Considerando que é fundamental estabelecer políticas públicas, no sentido de avançar na construção coletiva de uma sociedade que incorpore os direitos humanos e o combate à violência em todas as dimensões das relações sociais, radicalizando a democratização do Estado e da Cidade e que se propõe para o Estado em todos os níveis uma nova mentalidade de postura, visando a concretização desta política afirmativa frente à questão dos direitos humanos, onde as lutas pela dignidade, justiça, combate às violências, solidariedade e pelo fim de todas as formas de opressão e de discriminação sejam princípios básicos, norteadores de ações e proposições concretas e efetivas no sentido da construção, ampliação e qualificação da cidadania.”

Desta forma, atendendo aos preceitos constitucionais e orgânicos é que faço este encaminhamento, entendendo que, no limiar do Século XXI, não podemos mais aceitar conviver com uma configuração do nosso espaço construído, edificações e logradouros, que se caracterizam, a miúde, como verdadeiras barreiras, não apenas no sentido arquitetônico, mas, fundamentalmente, nos aspectos da cidadania e da dignidade humana.

Nesse sentido, agradecendo a concessão do minuto, eu apelo à sensibilidade das Senhoras e dos Senhores Vereadores da nossa Cidade para que dêem guarida a este Projeto de Lei, entendendo que ele será um marco na história urbanística de Porto Alegre. No que se refere a barreiras arquitetônicas, a nossa sensibilidade diz, companheiro Paulo Brum, que ele vai se dividir em antes e depois da aprovação deste Projeto. Temos certeza disso e contamos com o apoio dos Senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra a Sra. Vera Lúcia Santos, Presidente do CEREPAL.

 

A SRA. VERA LÚCIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome da Diretoria do CEREPAL, em nome dos funcionários, em nome das famílias, dos pais, das mães e, principalmente, das nossas crianças, quero fazer, aqui, um agradecimento especial a esta Casa, ao Sr. Presidente, por ter acolhido esta iniciativa do nosso grande e querido amigo, Ver. Paulo Brum, e todos os demais que ocuparam esta tribuna com palavras tão carinhosas a respeito da nossa entidade, ao Ver. João Dib, Ver. Jocelin Azambuja, Vera. Maria do Rosário e a todos os demais que referiram-se com carinho às pessoas portadoras de deficiências. Fica o nosso agradecimento carinhoso. O Ver. Jocelin Azambuja disse que era um momento especial, não só um momento especial para esta Casa, mas é um momento especial para nós que trabalhemos, que lidemos, que tratemos com a deficiência, por percebermos que já temos autoridades governamentais voltadas para essa causa. Isso é muito importante para nós que lidamos com pessoas portadoras de deficiências, saber que podemos contar, que temos dentro do nosso Município olhos de ver e ouvidos de ouvir. A todos vocês, muito obrigada por este momento, que para nós é grandioso. Obrigada, mesmo! (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Cumprimentamos a todos os Senhores, as Senhoras, as crianças que estão aqui presentes, aos fundadores do CEREPAL, aos conselheiros, aos diretores, aos professores, aos terapeutas, a todos aqueles que vieram hoje aqui para participar desta homenagem. A Câmara Municipal, nos últimos tempos, está despertado para o problema. O Ver. Paulo Brum merece os nossos cumprimentos porque foi através do trabalho dele que nós, da Câmara Municipal, começamos a fazer um trabalho muito sério, primeiramente, para adaptar a nossa Casa para que o deficiente pudesse ter participação, até mesmo na tribuna. Deve-se isso ao Ver. Paulo Brum que fez com que nós nos alertássemos para que, em primeiro lugar, precisávamos corrigir os problemas que a nossa Casa oferecia. Uma vez que, com a mudança para as novas instalações da Câmara, em 1986, era, realmente, muito difícil que alguém com deficiência física pudesse ocupar as tribunas ou até mesmo ter acesso aos gabinetes aqui na nossa Câmara Municipal.

Mas, a partir desse alerta do Ver. Paulo Brum, acho que todos os Vereadores se conscientizaram da questão e, acredito, que os problemas aqui na Casa, nós temos procurado corrigir, tais como elevadores, tribuna, facilitando o acesso a todas as dependências da Câmara Municipal. Acredito que este Projeto que está sendo proposto agora pelo Executivo Municipal, retirando as barreiras arquitetônicas ainda existentes nas construções em Porto Alegre. Acho que é mais um grande passo dado nesse caminho.

Na segunda-feira eu fui até a FIERGS e vi, nos primeiros estacionamentos, a exemplo do que acontece nos países mais evoluídos, têm uma área reservada para os deficientes. Eu observei também na própria Rede Zaffari de Supermercados, numa visita que eu fiz a um dos diretores, e ele cumprimentava o Ver. Paulo Brum porque, segundo ele, o Ver. Paulo Brum era bronqueiro e quando vê alguém ocupando o lugar dos deficientes ele é o primeiro a combater essa ilegalidade.

Então, quero cumprimentar a todos os senhores e senhoras do CEREPAL; quero cumprimentar a Profa. Vera, Presidenta do CEREPAL, quero dizer que esta Casa - não apenas no dia de hoje, mas constantemente - está aberta para que este trabalho maravilhoso, nobre, que é realizado por todos os senhores e senhoras, possa ser acompanhado também pelos Vereadores porque, afinal de contas, se dentro desta Casa está a representação de nossa sociedade, é uma obrigação que essa sociedade, representada por estes Vereadores, esteja acompanhando esse trabalho que é realmente um trabalho dignificante. Muito obrigado pela presença dos senhores e senhoras. Vamos suspender os trabalhos por um minuto para a despedida dos nossos homenageados.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h08min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 17h14min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Guilherme Barbosa solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Guilherme Barbosa, e dada posse à Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Hoje o Brasil comemora o Dia do Administrador. Em nome da minha Bancada, nós temos o Ver. Pedro Américo Leal e o Ver. João Nedel, desejo homenagear todos os administradores do Brasil. A minha Bancada o faz em nome de duas pessoas: Walter Luís Lemos, meu Secretário de Administração, hoje Conselheiro do Conselho Federal de Administração e o Ver. Luiz Fernando Záchia que recebeu o Prêmio Mérito em Administração de 1988.

Eu preciso administrar o meu tempo, talvez o candidato à Presidente da República Luís Inácio da Silva tenha mais facilidade em administrar do que este Vereador. A Folha de São Paulo, no editorial, diz que o jornal apenas investiga como se sustenta um homem que se candidata à Presidência da República, tenta mostrar ao público qual o perfil de quem se propõe a governar o Brasil. Faz uma boa pergunta, pois hoje é o Dia do Administrador, talvez ele consiga administrar R$ 2.000,00 de forma excepcional que dê para comprar um automóvel ômega, apartamento de cobertura, tudo isso talvez seja muito fácil para um grande administrador.

Eu também quero falar da publicidade na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Recebi do Capitão Antão, trazido pelo querido Ver. Pedro Américo Leal, o Guia OTTEN em sua segunda edição do ano de 1942, cinqüenta e seis anos atrás. O Guia traz aqui uma série de informações sobre a Cidade, sobre as ruas da Cidade, sobre o Prefeito, que era o magnífico Prefeito José Loureiro da Silva, com seu endereço residencial e o seu telefone. Não fala na Câmara Municipal! Por que não fala na Câmara Municipal? Porque foi o período em que a Câmara esteve com as suas portas fechadas, de 37 a 47. Mas a Prefeitura que num Congresso dos Procuradores distribuiu amplo material - e bota amplo material, oh! Também não fala na Câmara Municipal. De todas as coisas que eu entendo corretas, até, que foram distribuídas aqueles que aqui chegaram, um material sobre o mapa panorâmico de Porto Alegre. Para a Prefeitura, no seu mapa panorâmico a Câmara Municipal não existe. Não tem interesse para aqueles que aqui chegam conhecer a Câmara, a Casa do Povo de Porto Alegre onde tantas vernissages são trazidas ao conhecimento do povo. Tantas coisas bonitas são mostradas ao povo; tantos eventos acontecem aqui, no mapa da Cidade o Legislativo não existe. Mas a palavra do “Trabalhador Cinco”, que não foi feito agora, foi feito na Administração Tarso Fernando Genro, foi distribuída para todos em profusão. Isso aqui é verba de publicidade! Não são aqueles mais de cinco milhões de reais do Cidade Livre, não são os editais com propaganda colocados nos jornais, rádios e televisão, não! Esses são aqueles milhões de reais que não nos apercebemos porque são cartazes, são “Palavra do Trabalhador” em segunda edição, Orçamento Participativo, o MOVA. O que interessa para os Procuradores do resto do País aquilo que acontece na Administração Tarso Genro. Por isso que quando nós dizemos aqui que a Prefeitura gasta demais em publicidade, nós não estamos falando no rádio, jornal e televisão, é o jornal Porto Alegre.

Agora, vou encerrar, Sr. Presidente, com cento e vinte mil ou cento e cinqüenta mil exemplares, dezesseis páginas a cores; são jornais de todas as Secretarias, são as revistas de todas as Secretarias que dão milhões e milhões de reais. Por isto é difícil saber as contas da Prefeitura, por isso aquela caixa preta que não quer informar nada. Mas esse material aqui, realmente, é uma demonstração de como vai o dinheiro do povo de Porto Alegre. Só não entra o Legislativo Municipal, porque para o Executivo não existe. Saúde e Paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguns princípios e idéias que norteavam a atuação do PT, vêm se degradando significativamente. Não cabe agora considerar como o partido se arvorou de defensor de trabalhadores ou dos excluídos se transformou em uma burocracia. Ora, está mais preocupado em sustentar a si mesmo, a eleição dos seus membros ou em promover interesses corporativos. Importa mais é que um partido sempre pronto a pregar transparência não se peja em atacar os que têm motivos para acreditar que o PT deve esclarecimento ao público. O hábito petista de se arrogar pureza e também o direito exclusivo de se apontar mazelas, valeu ao partido o apelido ironicamente crítico de monopólio da moralidade.

Trata-se de uma questão de princípio para o PT, para todo o sempre o PT deverá ser eximido da crítica e parece demonstrar que só aceita o curso das informações quando elas dizem respeito aos seus adversários.

A imprensa deve ser livre apenas para acolher as denúncias que o PT oferece, aliás sofregamente. Ou então o jornalismo deve limitar-se à tarefa de abrir caminho para o Partido, criticando legendas corruptas, que seriam toda as outras que não fossem o PT.

O partido de Lula se considera tabu. A pessoa do seu líder, sempre eterno, é sagrada. Portanto, nada mais natural que o vulgar recurso ao expediente típico de autoridades para se furtar ao debate público. O PT se faz de desentendido que a campanha eleitoral é o momento crítico do esclarecimento político. Este jornal apenas investiga como se sustenta um homem que se candidata à Presidência da República. Tenta mostrar ao público qual o perfil de quem se propõe a governá-lo. Faz estardalhaço ou espreita com satisfação as investigações de um jornal que empreende e divulga a respeito dos que exercem ou pretendem exercer autoridade pública e que, portanto, se expõem ao juízo da sociedade. Desse, porém, o PT quer-se isentar. Se debate furiosamente para se manter na sombra, mas prega a transparência. Sugere, assim, de maneira nada sutil o que estaria disposto a tornar público sobre um eventual governo petista.

Este é o conteúdo do artigo publicado na sexta-feira, 28 de agosto de 1998, pela Folha de São Paulo, jornal de oposição ao Governo Federal. Pois, eu gostaria muito que todos aqueles arautos do PT, que dizem que a saúde vai mal, porque 90% da área da saúde em Porto Alegre é garantida pelo Ministério da Saúde, e pela Secretaria Estadual da Saúde, gostaria muito que os arautos do PT aqui desta Casa, que dizem que a educação não pode transcorrer o seu curso normal porque o Governo Federal retira dinheiro do município, quando vemos esta manchete do Correio do Povo de quarta-feira, 9 de setembro de 1998, com quase cinco mil multas de trânsito em uma semana, e o Secretário diz que os agentes de trânsito da capital autuaram muito devido ao desrespeito à legislação da Capital autuaram muito, devido ao desrespeito à Legislação, nós queremos saber quanto entra para os cofres da Prefeitura em um ano e vamos calcular quanto fizeram em um ano, esse dinheiro novo que passa para as arrecadadoras, as instituições da Prefeitura Municipal.

Por isso, quando dizem que o Governo Federal retira o dinheiro, retira recursos da área da saúde, da área da educação, da área social, não dizem que muitos recursos são repassados através da transferência de novos tributos, entre eles as gordas multas de trânsito que o novo Código de Trânsito Brasileiro prevê e que enchem de alegria os bolsos das estruturas arrecadadoras do Município de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra por cessão de tempo do Ver. João Motta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Neste Grande Expediente, no momento em que a Casa tem a possibilidade de fazer um debate aberto sobre a conjuntura nacional, sobre aspectos estaduais, municipais, eu destaco, em primeiro lugar, um assunto que me chamou a atenção, divulgado nos jornais do centro do País, que é a taxa de desemprego medida nos últimos dez anos, na faixa etária de jovens de quatorze a vinte e quatro anos. E a taxa de desemprego entre esses cidadãos aumentou, nos últimos dez anos, 230%. Por que eu faço esse registro na Câmara de Vereadores? Todos nós, diariamente, discutimos a falta de perspectiva que o jovem tem na nossa sociedade, o que o leva às drogas e ao abandono dos estudos.

E quando um indicador gravíssimo como esse da nossa sociedade é apontado, nós temos que fazer uma reflexão.

Que perspectiva pode ter um jovem se ele não tem mercado de trabalho? Para que ele estuda, se depois não consegue atender as suas necessidades buscando um trabalho?

Então, eu faço esse registro no Grande Expediente para que a Casa, através de uma proposição da Comissão de Economia e Finanças, possa realizar um grande debate sobre a questão do jovem e o mercado de trabalho.

Gostaria também de fazer um outro registro aqui sobre o anunciado pacote fiscal, a nossa Bancada irá se pronunciar em razão do anúncio do referido pacote. Parece-me que o conjunto das Bancadas hoje não deram atenção a esse assunto, que é da maior relevância.

São anunciados, pelo Governo Federal, cortes nas despesas do governo na ordem de sete bilhões, entre os quais se destacam cortes na área da saúde.

Gostaria de lembrar a um Vereador que participa conosco na Comissão de Saúde, o Ver. Cláudio Sebenelo, junto com o Ver. Pedro Américo Leal, que o próprio Ministro José Serra ficou descontente com o anúncio de que será na sua pasta, no seu ministério, onde haverá o maior corte nas verbas públicas para conter a enxurrada de dinheiro brasileiro para contrabalançar o câmbio.

Então, faço esse registro para que o Ver. Cláudio Sebenelo possa buscar dados junto ao seu Partido e junto ao Governo Federal para explicar como, num momento desses, cortar verbas na área da saúde para intervir no mercado de capitais.

Mas a minha principal intervenção neste Grande Expediente é alertar a Casa, alertar os cidadãos da Cidade de Porto Alegre sobre o que eu, nos últimos dias, tenho registrado quanto à forma milenar com que a elite brasileira, por quinhentos anos já, lida com a opinião pública brasileira.

Eu comento, nesta tribuna, Ver. Pedro Américo Leal, os resultados das pesquisas eleitorais. Por que eu comento? Porque eu penso que a opinião pública deve ser respeitada. Um jornal daqui do nosso Estado, comentando, no domingo, as pesquisas, diz que o candidato, atual governador, venceria a eleição no primeiro turno. Todos os jornais do Centro do País, fazendo a leitura da mesma pesquisa, apontam que a eleição, no Rio Grande do Sul, vai para o segundo turno, mas o jornal de maior circulação no Rio Grande do Sul não aponta esse resultado.

 

A Sra. Maristela Maffei: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero fazer uma denúncia com relação à próxima eleição. Hoje à tarde, às 15h, na parada 16 da Lomba do Pinheiro, foram feitos o lançamento e a distribuição de tíquetes de leite. É um programa do Governo Estadual, só que a chamada à população daquela região foi feita com carro-som de campanha, inclusive do candidato estadual, líder da bancada da situação do Rio Grande do Sul.

Essa é a forma como está sendo feita a manipulação das pessoas. Nós até filmamos, pois é muito grave isso! Nós estamos denunciando esse fato para que a população fique atenta e saiba o que se está passando: esse descaramento, essa forma de tripudiar, de alienar a consciência, fazendo com que a população deste Estado, desta Cidade mendigasse numa hora em que está passando por tanta miséria, tanta dificuldade e sendo tratada dessa forma. Muito obrigada, Vereador.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Esse é o perfil da disputa eleitoral neste momento. Eu gostaria de dizer que as pesquisas em 15 de agosto mostravam, em Porto Alegre, um resultado, e quinze dias depois, esse resultado altera-se significativamente. Não há nenhum matemático nem técnico que trabalhe nessas empresas de pesquisas que possa explicar como o quadro das pesquisas em Porto Alegre se alterou em quinze dias de forma a construir uma vantagem ao candidato a governador de 30%. Um erro matemático grotesco de quem apresentou as pesquisas.

Registro isso para dizer que em 1994 a história foi a mesma. Em 10 de setembro de 1994 as pesquisas diziam que não haveria segundo turno, mas este Estado viu uma linda campanha no segundo turno e, por pouco, o representante do nosso Partido não governou este Estado.

Para concluir, Sr. Presidente, eu gostaria de registrar que há a necessidade de respeito, os meios de comunicação não podem manipular a informação, distorcer dados e levar o cidadão a confundir-se e a entender que não precisa mais exercer o seu direito em 4 de outubro. A eleição só se decide em 4 de outubro, no momento em que o cidadão vai à urna, e não se decide no momento da pesquisa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de fato, a nossa Câmara Municipal de Porto Alegre não pode ficar indiferente ao caos instalado neste País. Infelizmente, muitas bocas calam-se aqui ou vêm fazer uma discussão, criticando o Município, enquanto não são capazes de ter a dignidade de dizer o que está acontecendo em nível nacional.

Em 1994 eu escrevi em um boletim, que divulguei aos meus apoiadores, aos endereços que tenho, um artigo dizendo da minha indignação com a hipocrisia que reinava e que reina cada vez mais na política brasileira. Alguns tentaram ligar isso a uma crítica direta a Fernando Henrique, ao que eu dei um prazo, e disse: não, ele prometeu cinco dedos para o povo brasileiro - uma mão aberta - e nós temos que dar um crédito, afinal, ele foi eleito, embora através de um plano, de uma mídia gigantesca, com recursos do Governo. Não precisou passar muito tempo para sentir que a hipocrisia estava, na minha opinião - e eu posso ter opinião -, sendo colocada pelo próprio Presidente. E de lá para cá, ele, além de hipocrisia, pratica a mentira descarada, aberta, para o povo brasileiro. Agora disseram - e semeiam diariamente pela televisão, pelos jornais, revistas - que o Brasil vive um mar-de-rosas, que o Brasil está maravilhoso, que o Brasil está crescendo.

De fato, o Brasil é a sétima potência do mundo em produto interno bruto; é o sétimo orçamento do mundo que a União coloca para salvar os banqueiros, que são os 20 bilhões. As senhoras e os senhores que estão nos ouvindo pensem bem: o orçamento do Rio Grande do Sul, por ano, é um bilhão. Vinte bilhões são jogados pelo PROER para salvar banqueiros, ladrões, na minha opinião; para salvar a moeda, o câmbio defasado do dólar, estão botando 17 bilhões. Privatizaram as empresas para aplicarem no social, e não estão aplicando no social. Estão salvando a moeda, criminosamente. E o povo não tem saúde, não tem educação, não tem transporte digno, não vê aplicação de recursos na área de saneamento básico, não vê nenhuma medida com caráter social na área de habitação.

Estão dizendo que o Brasil é um mar-de-rosas, e agora, uma simples crise de câmbio na Ásia ou na Rússia leva o “Sr. Príncipe Imperial”, mentiroso, e que pratica a hipocrisia, a dizer para o povo brasileiro que não é nada, que faz um pacote fiscal. E o pacote fiscal passa como uma coisa positiva, quando, na verdade, é mais um golpe no povo brasileiro, é mais um golpe no bolso do senhor, da senhora que estão com dificuldades enormes, dos pequenos e médios empresários que estão quebrando em todo o Brasil, porque estão entregando as nossas riquezas para os grandes capitais multinacionais. Onde está o país do mar-de-rosas, onde está o canto da sereia? Se agora, quando estávamos fazendo um esforço nacional para que baixassem os juros, eles os aumentam; para que se fizessem aplicações na área da saúde, da educação, eles fazem cortes nos recursos de bilhões de reais!

Nós temos 5,8 bilhões que renderam até o dia 10.11.97 do CPMF e nem um tostão foi para a Saúde, foram desviados para outros setores, e agora ainda cortam 6 bilhões de reais de investimentos que seriam feitos.

Quero dizer que nós vivemos hoje uma crise por falta de espaço na imprensa. Vejam os senhores este jornal. Na capa, dois terços são dedicados ao “Príncipe”. Na “Folha das Eleições”, eles colocam: “O Grito fracassa”. Tem milhares de pessoas na fotografia do protesto contra Fernando Henrique Cardoso e abaixo colocam: “Desfile em Brasília é visto por dez mil”. Isso aqui é a igualdade que a democracia brasileira está dizendo!

Vejam mais esta fotografia. Vejam o quanto há de desfaçatez e falta de igualdade na divulgação, no espaço da imprensa brasileira. Esse é apenas um exemplo, porque toda ela está fazendo isso.

Quero encerrar dizendo que nós, do Partido dos Trabalhadores, não compactuamos com esse tipo de política e que continuamos firmes na proposta que será vencedora em 4 de outubro, aqui no Rio Grande do Sul, e em nível nacional com Olívio Dutra para o Governo do Estado. Estou falando em tempo de Liderança e posso dizer isso, o Olívio Dutra e Miguel Rossetto, com Bisol e também Lula e Brizola para termos, em nível nacional, uma proposta digna para o povo brasileiro, e não dos entreguistas, dos mentirosos, dos hipócritas que hoje estão ocupando o governo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uso neste momento a tribuna, com a cedência do tempo de Liderança da Vera. Sônia Santos, de minha Bancada, e fiquei muito impressionado, Ver. Sabino, com a manifestação do PT, reclamando da RBS e da Zero Hora, Ver. Dib. Por que o PT está reclamando desses meios de comunicação? São um dos maiores clientes que eles têm, pagam as mais polpudas verbas de publicidade. São mais de 4 milhões investidos em publicidade na Zero Hora, nos canais da RBS. E estão se queixando do quê? Eu fico meio preocupado se alguma coisa está errada. Se eu sou contra um veículo de comunicação, por que eu coloco tanto dinheiro lá dentro? Qual o motivo? Por que eu coloco Cidade Viva, na TV, por que eu coloco tudo dentro da grande mídia da RBS e, depois, vou lá e me queixo da pesquisa? Ora, que incoerência!

Eu não vi nenhum “santinho” do Ver. Sabino nos grandes jornais. O Ver. Sabino deve estar como eu, até agora não conseguiu colocar nenhum “santinho”, nem daqueles pequeninos, mas eu tenho visto a burguesia do PT, com “santões” de um ou dois mil reais colocados na Zero Hora, no Correio do Povo. Eu vi hoje um santinho do Ver. Paulo Brum, bem pequenino, daqueles 1x4. A burguesia está com “santões”, com um quarto de página. São os pobres candidatos do PT! Como conseguem fazer isso?! Vejo deputados, vereadores com maravilhosos “santões” colocados nos jornais Zero Hora e no Correio do Povo todos os dias. Será que conseguem isso vendendo bottons? Eu não consigo! A Luciana Genro, o Flávio Koutzi - nem vou falar dos colegas -, onde conseguem dinheiro para isso? Não consegui botar nenhum até agora, e hoje, vi um pequeninho do Ver. Paulo Brum. Do Ver. Eliseu Sabino também não vi nenhum. E o pessoal do PT queixa-se da burguesia, de quem está com o dinheiro, etc. Mas quem está com esse dinheiro? Eu não estou e, pelo visto, nem o Ver. Paulo Brum nem o Ver. Eliseu Sabino. Como se consegue fazer uma crítica à RBS, injetando dinheiro de publicidade lá todos os dias? Como se consegue sair tanto nas páginas da Zero Hora e do Correio sendo só o PT e não sendo o PTB, o PSDB? O PTB quase nunca vejo, mas o PT vejo sempre, porque injeta dinheiro lá, mantém uma publicidade cara.

Há milagre que não se consegue fazer; eu não consigo fazer. E quando ouço esse tipo de crítica, fico me perguntando: estão se queixando do quê? E até desafio o PT a não colocar mais nenhum centavo lá dentro, a não patrocinar mais o programa Cidade Viva nos intervalos da novela ou no domingo no horário do Fantástico, porque quem é contra não pode financiar, ainda mais com o dinheiro do povo. Então, não sei como conseguem tanta doação para colocar um “santão” na Zero Hora, no Correio. São as relações burguesas. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Sebastião de Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente gostaria de responder a matéria que o Ver. Carlos Garcia tem cobrado constantemente. Hoje, após o seu pronunciamento, falei com a Senhora Secretária de Educação, a Sra. Beatriz e ela solicitou que transmitisse a esta Casa, especialmente ao Senhor que o dinheiro dos bolsistas já foi depositado para as federações. Das seis prestações atrasadas, quatro foram depositadas e, no máximo, até segunda-feira estarão recebendo; as outras duas atrasadas logo os esportistas estarão recebendo. Democracia é isso, o papel da oposição é cobrar, o papel do governo é prestar informação, é o nosso dever.

Em segundo lugar, eu gostaria de pegar o gancho do Ver. Renato para tecer alguns comentários sobre as pesquisas eletrônicas. Pesquisa é uma questão antiga, não se usa só para eleições. Lembro o episódio em que Antônio Britto era candidato a Prefeito desta Cidade, no ano de 1988, quando Olívio Dutra ganhou as eleições. Antônio Britto liderou as pesquisas no início da caminhada até quando faltavam trinta dias das eleições, Olívio Dutra estava atrás, tinha 15%, 17%. Na reta final ocorreu que as pesquisas registravam a fotografia do momento, e Olívio que estava em 18% acabou ganhando a eleição. O Sr. Antônio Britto ficou com o quarto lugar naquela eleição. Vejam que, naquela época, a pesquisa valia. Quero fazer um paradigma para voltar à questão das pesquisas. Quem faz as pesquisas não são os jornais. Pelo que sei, até que provem o contrário, está aí o jornal Zero Hora, colocando, diariamente, essa questão e inclusive contratou três institutos sérios para fazer a pesquisa: o Voxpopoli, a Datafolha e o Ibope. A fotografia registra o que ocorre no momento. As pesquisas estão aí, elas poderão mudar na semana que vem, ou no último dia. Se pesquisa ganhasse eleição, se pesquisa valesse, ela poderia ser realizada com trinta dias de antecedência, bastava saber quem estava na frente e dar a posse, não precisaria de eleições.

A grande pesquisa é a do dia das eleições. Evidentemente que nós que andamos pelas ruas de Porto Alegre, pelo interior do Rio Grande, pelas cidades da Grande Porto Alegre, sentimos hoje que há, indiscutivelmente, uma tendência eleitoral, em razão da proposta colocada pela Frente Rio Grande Vencedor. As pesquisas retratam o que nós estamos sentindo. Penso, Ver. Renato Guimarães, que não devemos dar tanto valor a questão das pesquisas, tanto quanto V. Exa. quis dar, o mais importante é o debate político que é para aonde temos que nos encaminhar.

Vejo de acordo com o mesmo diapasão do meu nobre Ver. Jocelin Azambuja que a mesma voz que fala mal do jornal Zero Hora e da RBS, é a mesma que afaga a RBS com os grandes recursos na área da publicidade municipal, porque o Governo do Município de Porto Alegre é o que mais gasta em publicidade de todas as prefeituras do Rio Grande do Sul. O mesmo jornal Zero Hora que agora o Partido da Frente Popular, que lidera a Frente Popular, faz a crítica. Não sei onde está a coerência, se é quando faz o grande repasse de verba para os meios de comunicação e da RBS, ou a coerência está quando critica a RBS, por estar sendo tendenciosa no processo eleitoral. E mais, é evidente que falam das campanhas caras e aí não é só no meu partido. Isso existe no meu Partido, nos outros, mas também há no PT campanhas milionárias.

Aliás, tem gente que é filha de ex-Prefeito desta Cidade e que faz uma campanha monumental, milionária e, aí, ninguém diz nada. “Muito bem, muito obrigado, é do meu Partido, é do Partido da seriedade, é do Partido que tem transparência.” Aí, tudo bem, tudo tranqüilo. Não, vamos devagar com o andor que o santo é de barro. Todos nós temos problemas internos. Os partidos precisam rever as suas atuações, não só o meu, mas, principalmente, a Frente Popular, que quer jogar pedra, mas também tem telhado de vidro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra, substituindo o Ver. José Valdir, que estava inscrito no Grande Expediente.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os debates, por razões políticas, evidentemente, têm motivos para se tornarem acalorados. O momento é oportuno, entretanto, há problemáticas pontuais que reclamam também a nossa atenção, o nosso zelo e a nossa reflexão.

Os noticiários, nos últimos dias, têm sido, lamentavelmente, fartos a respeito da importunística viária, acerca do trânsito. Nós tivemos, recentemente, um acidente, no interior de São Paulo, de graves conseqüências com dezenas de mortos. No Estado, na última semana, vários pereceram em acidentes de trânsito. Na Capital também nos chamou a atenção o pronunciamento, na semana passada, do Dr. Celso Bueno, um dos Delegados dos Delitos de Trânsito, de novo DETRAN, departamento cuja missão diz respeito aos acidentes de trânsito ou mais corretamente, aos delitos de trânsito, chamaram, sobremodo, a atenção. Por quê? Muitos acidentes no País. Quais são as causas, os fatores que se somam para que esses números lamentáveis continuem a ocorrer? Essa indagação ainda, infelizmente, não encontrou resposta. Temos um novo código. O que aconteceu? Nada. Apenas nos primeiros dias em que entrou em vigor causou alguma sensação. O panorama continua triste, continua oferecendo um morticínio que não podemos continuar aceitando. O problema inicia no próprio Código de Trânsito. O exagero, o excesso de ânsia punitiva que os dispositivos do chamado novo código encerram prejudicam-no sobremodo. Fazem com que o próprio administrador se veja obstruído para pô-lo em execução plenamente. Há regras que ainda não foram postas em execução por causa das eleições, mas há outras pelas quais o administrador, seja nacional, estadual ou municipal tem as suas dificuldades para aplicar o Código.

No Estado se compreende. Se há essa preocupação, de outra parte, há um desejo, cada vez maior, de tornar a matéria trânsito numa mercadoria rentável. É o que temos observado. Desde que assumiram os atuais dirigentes da Segurança Pública o seu propósito foi transformar o trânsito em uma mercadoria, para tentar torná-la rentável, para dar lucro. Essa preocupação levou a criação dos CHCs, essa preocupação está levando a criação do Centro de Registro e Licenciamento de Veículos onde, a par daqueles excessos e exageros do Código, temos inconstitucionalidades flagrantes. Como é que um Cartório de Registros, que é um órgão do Poder Judiciário, vai executar uma missão que é do Executivo? Por aí verificamos uma dificuldade jurídica para tornar aplicável a partir desse convênio. Como vai dispor o titular da segurança pública, ou melhor, pelo que sei, do próprio DETRAN de uma atribuição que é do Poder Executivo Estadual para conveniá-la com um órgão que é do Poder Judiciário? É um problema sério. A ânsia de tornar o trânsito uma mercadoria lucrativa faz com que o Direito Administrativo e a constituição para o trânsito, tanto na lei quanto na prática, deixassem de valer.

Para nós, policiais - muito me orgulho e honro de pertencer a instituição policial, de ter prestados serviços que penso, foram razoáveis na área do trânsito - isso é um motivo de espanto, ficamos boquiabertos em saber. De nós, cobravam o mínimo. O mínimo já era uma prática arbitrária, uma prática ilegal, uma prática que merecia sindicância, prevaricação, e agora tornam o trânsito uma mercadoria. Não vejo quem se dê conta disso. Estamos dentro dos cartórios. Dispondo de uma atribuição do Executivo, o convênio transfere para os funcionários do cartório a habilitação para aplicar autuações que redundarão em punições, em multas. Como transferir para uma área que não é do Executivo, para uma entidade cuja destinação, por lei é específica, uma atribuição que é própria? Esse poder é um poder de polícia, poder de polícia no sentido administrativo, não no sentido criminal. Essa é uma preocupação na área do trânsito sobre a qual teríamos que no debruçar. Sempre digo que o trânsito é a mesma coisa que no futebol: todos entendemos, mas na hora de escalar o time é um desastre, porque apenas um que outro conhece a matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Sr. Presidente, dado o avançado da hora, sou informado de que a Mesa pretende referendar a viagem de Vereadores para Rio Grande. Devo, desde logo, por coerência, manifestar a minha contrariedade.

 

O SR. PRESIDENTE: Desculpe, Vereador, interrompo V. Exa., mas temos dois Requerimentos na mesa que estão para ser votados. O direito de qualquer um dos Vereadores é fazer com que sua vontade possa ser transmitida ao Plenário através de Requerimentos. Os dois Vereadores que estão pleiteando a representação da Casa para tratar do assunto em Rio Grande estão exercendo o seu direito. Se o Plenário vai deliberar a favor ou contra é outro problema.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, V. Exa. tem razão, o Plenário deliberará a favor ou contra. Mas não há como continuar a Sessão, na forma do art. nº 145 do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Por enquanto tem.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu acredito que não. Não vou discutir. Mas quero deixar claro que se for por referendo, manifesto a minha posição contrária, até porque não vejo aqui nenhuma razão de reunião, não diz onde vai ser a reunião. O documento da Tribuna Popular anexado, onde o Sr. José Adelmo Borges, do SINFLUMAR, se pronunciou - nem sei como ele foi convocado, como ele fez a utilização da Tribuna Popular, uma vez que ele não assina o documento, nem como entidade, nem como pessoa física - vem do Sindicato dos Marítimos lá de Rio Grande, lá não assinam, vem aqui fazer a exposição. Quero dizer que é igual à viagem do Prefeito: sem Exposição de Motivos, sem os convites que deram origem. O Ver. Pedro Américo Leal não quer que eu fale mais.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Esclarecimento): Tenho a impressão que o Ver. João Dib tem razão, porque irem Vereadores a Rio Grande (...)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal (...)

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Como ele falou, eu também posso falar!

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho um respeito muito grande por todos os Vereadores da Casa, e V. Exa. sabe que representa muito para mim e para todos os Vereadores daqui, para este Parlamento. Mas eu pediria o seguinte, pois se todos os Vereadores se manifestarem a respeito das questões que iremos votar, daqui a pouco, na Ordem do Dia, acredito que vamos antecipar a discussão e não encontramos abrigo no Regimento. A discussão se dará porque os dois Requerimentos estão na mesa.

 

O SR. JOÃO DIB: Não tem mais Ordem do Dia, Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Tem, Vereador, tanto é que vamos proceder à chamada para entrarmos na Ordem do Dia.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, solicito que seja interpretado o art. 145, do Regimento, que diz que a Sessão poderá ser prorrogada por prazo não superior a duas horas para discussão e votação de matéria constante da Ordem do Dia. Mas nós não temos Ordem do Dia, nós estamos no Grande Expediente e já passam das 18h.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Sessão só será encerrada às 18h25min. Nós temos 18h09min. Nós começamos a Sessão às 14h15min. Tivemos algumas interrupções. E, de acordo com a nossa Diretoria Legislativa, que esta Sessão, que tem duração de quatro horas, só vai se encerrar às 18h29min.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, eu também tenho o direito de manifestar uma idéia, assim como o Ver. João Dib.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, todos os Srs. Vereadores têm o direito de manifestar idéias exatamente no tempo regimental. O Ver. João Dib quis dar uma explicação com relação a um Processo que vai ser votado. E nós vamos encaminhar. No momento do encaminhamento, todas as Bancadas vão ter o direito da manifestação. Agora, Vereador, na verdade, o Regimento não abriga nenhuma manifestação a respeito dessas questões que vão ser votadas. Eu peço desculpas a V. Exa., mas sou obrigado a pedir ao Sr. Secretário que faça a chamada para entrarmos na Ordem do Dia.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: O Ver. João Dib manifestou, aqui, uma idéia longuíssima.

 

O SR. PRESIDENTE: Há quórum. A Vera. Sônia Santos está com a palavra para um Requerimento.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente, eu requeiro que votemos em primeiro lugar os Requerimentos de número nºs 193, 194, 169 renovação de votação do PELO nº 3 e depois seguimos o curso que está na Ordem do Dia.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que o primeiro Projeto a ser votado seja o Projeto de Lei Complementar do Executivo que altera o artigo nº 180 da Lei Complementar 133, a qual interessa aos aposentados, pois se trata dos proventos de aposentadoria dos funcionários do Município, que é de extrema importância e que deve ser, no meu entendimento, votado em primeiro lugar. É a proposição que faço.

 

O SR. PRESIDENTE: É um outro Requerimento. Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, o primeiro Projeto que está na Ordem do Dia é um Projeto de nossa autoria e eu reconheço que o Ver. João Dib tem procedência quando apela no sentido de dar precedência ao assunto que envolve os funcionários do Pronto Socorro, apesar de ter sido informado pelo Ver. Gerson Almeida de que houve um consenso entre a Bancada do PT e os funcionários de que não seria votado no dia de hoje. Eu não me oponho, Ver. João Dib de que seja dada precedência, agora, se o ajustado, o acertado é não votar no dia de hoje e considerando que nós já estamos às 18h15min e ainda não iniciamos a votação e me parece que o quórum está diminuindo, Sr. Presidente, a Ordem do Dia, no meu entendimento, está comprometida.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, me desculpe V. Exa., nós estamos em plena Ordem do Dia e teremos, ainda, se for vontade dos Vereadores, mais duas horas para votarmos os processos que temos na Ordem do Dia. Então, a Ordem do Dia só estará comprometida se os Vereadores assim o desejarem, mas regimentalmente nós temos o tempo necessário. Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Nós gostaríamos que, após os requerimentos, nós possamos apreciar a ordem de discussão dos Projetos, com prioridade para o Projeto citado pelo Ver. João Dib, se for entendido que há necessidade de apreciar esse Projeto hoje.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Sônia Santos, que solicita que sejam votados, em primeiro lugar, dando-se prioridade para os Requerimentos nºs 193, 194 e 165.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não tenho nenhum acerto com a Bancada do PT, que pediu para os Vereadores se retirarem, para votarem na segunda-feira o Projeto que trata dos proventos de aposentadoria. Eu não entendo esse tipo de coisa. Os municipários são injustiçados pelo serviço da Prefeitura. Têm coisas lá que precisavam ser explicadas, e a Bancada do PT acertou com os servidores que aqui estavam para que se retirassem, para que o Projeto fosse votado na segunda-feira. Eu não vou me subordinar, pura e simplesmente, eu não entendo o porquê disso, eu não entendo por que o PT não pede para ser votado o Parecer que autoriza empréstimos, que está redigido e está na Ordem do Dia.

Portanto, deveria ser colocado em primeiro lugar, já que foi aprovada a urgência, para que ele fosse votado, aprovado ou rejeitado. Claro que vai ser aprovado. E depois de votado o Parecer, vai para a Ordem do Dia da Sessão, conseqüentemente. Mas, nós, aqui, nos subordinamos ao interesse daqueles que querem sair mais cedo ou mais tarde. Eu entro no começo da Sessão e saio no final da Sessão. Não concordo com a alteração, se é para fazer alguma alteração vamos atender os servidores já que a Prefeitura trata desigualmente os servidores aposentados. Alguns ela paga o que deve; outros ela não paga; e alguns ela quer dar.

Quero todo mundo igual, conheço muitos servidores aposentados que têm direitos assegurados na Justiça e que o Sr. Prefeito não paga, mas, agora, na época eleitoral ele está propondo vantagem ao servidor. Essa vantagem tem que ser dada, porque o servidor merece, porque suportar uma administração como essa aí, que coloca o dinheiro no sistema financeiro ao invés de pagar a parcela do 13º salário do mês de julho, quando o servidor paga no cheque forte 9%, 10%, 12% e o Dr. Arno, que agora está fazendo campanha para o Dr. Olívio, coloca o dinheiro no sistema financeiro a menos de 2% ao mês. Isso é injusto e eu não vou compactuar com esse tipo de injustiça.

Portanto, quero que votem, em primeiro lugar, o interesse dos servidores e em seguida que votem o Parecer que interessa ao DMAE, portanto, interessa a Cidade, e não esse tipo de Requerimento que estão trazendo aqui para meia dúzia de Vereadores, porque a Bancada do PT, boa parte, já foi embora e de outros partidos também já foram. Então, não tenho entendimento com ninguém, ou votamos o Projeto dos servidores e o Parecer do DMAE, o meu voto contrariamente e me rendo a maioria, mas, posso dizer, que nem sempre a maioria é certa. Saúde e Paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os meus colegas de representação popular são as minhas melhores testemunhas. Todos nós aqui na Casa temos as nossas posições bem anunciadas. E me lembro muito bem que no início dessa Legislatura, em março, eu alertei a Casa de uma tradição que está-se tornando um inconveniente para o andamento dos trabalhos. A utilização do Grande Expediente, do Período de Comunicações, para a finalidade diversa daquela que foi prevista, invariavelmente, tem provocado o comprometimento das Sessões Ordinárias que esta Casa realiza. Vejam os senhores que nós estamos agora, às 18h25min, discutindo como é que nós vamos cumprir a Ordem do Dia. Já é hora de terminar a sessão e nós estamos discutindo como é que vamos começá-la.

Mas nós estamos diante de um fato concreto, porque se estabeleceu esse hábito da utilização do Grande Expediente ou das Comunicações para homenagens que até reputo justas, tão justas que entendia que devessem justificar a convocação de uma Sessão Especial, de uma Sessão Extraordinária nas terças ou nas quintas-feiras, conforme estabelece o Regimento da Casa. Mesmo entendendo assim, eu tenho que concluir que estamos diante desse impasse, temos que discutir alguns assuntos e a proposta é no sentido de inverter. Quer dizer, o problema dos aposentados do Pronto Socorro já foi posto de lado porque, segundo consta, a maioria da Bancada do PT acertou a não votação no dia de hoje.

Eu tenho um projeto de lei que está em primeiro lugar na Ordem do Dia que, honestamente, não há condições de votá-lo agora. O risco de uma rejeição por uma minoria inexpressiva é absoluta, com muita dificuldade vamos encontrar dezesseis, dezessete vereadores aqui na Casa, o que não tem nada de anormal. Estamos discutindo a inversão para nos colocar diante de um Requerimento formulado pelo Ver. Gerson Almeida que quer estar presente em Rio Grande, num assunto de grande momentaneidade do Estado do Rio Grande do Sul, se transformando num Vereador que extrapola conscientemente das suas funções para ir até aquela cidade, no que eu lhe apóio na tese. Eu fui voto derrotado aqui nesta Casa quando se limitou as indicações, que são o nosso instrumento regimental, aos limites do município.

Eu penso, Ver. Gerson Almeida, que, a partir desse momento, iniciativas como essa de V. Exa., requerimentos como esse esbarram até mesmo no Regimento. Nós nos auto-castramos quando decidimos que até a Indicação, que é um instrumento com que nós vamos sugerir providências fora da esfera de competência do Município, tem que ser limitada ao Município de Porto Alegre. Então, se a Indicação, que é um instrumento regimental, já nos encaminha para isso, e se a maioria da Casa, no meu entendimento, equivocadamente, decidiu assim, como nós vamos autorizar que alguém vá tratar um assunto fora dos limites do Município, ainda que reconheçamos, como eu reconheço, que seria importante que alguém de Porto Alegre, que alguém representando o PT, que é um partido forte, que alguém representando o PSDB o fizesse? O Ver. Cláudio Sebenelo me disse que também quer-se integrar, e eu acho que ele, na sua condição de médico, de sanitarista, daria uma enorme contribuição. Mas isso, a rigor do que diz o nosso Regimento, não pertence a nossa competência.

Eu entendo que a atuação de um homem, de uma mulher, de um cidadão, de uma cidadã que integra a câmara da principal cidade do Estado, não pode ser limitada apenas ao seu município. Mas o jogo foi estabelecido diversamente, e não por nós; foi com o nosso voto contrário, com a nossa posição claramente externada da tribuna, como sempre fazemos, contrária a isso. E agora que o jogo está instalado, não há como se decidir.

Enfim, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos discutindo se invertemos ou não a Ordem do Dia. É irrelevante nesta altura, porque eu percebo o claro esvaziamento desta sessão; percebo, claramente, que nós, mais uma vez, não vamos enfrentar a Ordem do Dia diretamente.

E nessa linha, eu protesto, não contra a Presidência; eu protesto, não contra o conjunto da Casa; eu protesto é contra esse vezo inadequado que nós temos, de confundir a ordem das coisas. Fizemos as justas homenagens que tinham que ser tributadas, por decisão do Plenário, e inviabilizamos, definitivamente, o restante da Sessão. Não tenha dúvida, Sr. Presidente, que esta Sessão Ordinária está inviabilizada no que diz com o seu poder deliberativo. A minha dúvida é se sequer teremos quórum para decidir esses requerimentos, contra cuja inversão me manifesto por ser coerente.

Mesmo me manifestando contra, ficaria aqui, para tentar possibilitar a sua discussão, mas duvido que isso seja possível, salvo se tivermos algum Vereador escondido pelos cantos, pois os que estão aqui não completam o quórum e V. Exa. mesmo pode concluir isso o que é um fato que lamentavelmente ocorre.

Nós temos que, de cabeça fria, Ver. Gerson Almeida, discutir depois sobre isso. V. Exa. quer fazer uma coisa que acho ser correta, mas, infelizmente, nós nos autolimitamos, dizendo que se passou dos limites de Porto Alegre não pertence mais a nós. É um erro, mas está escrito assim. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Luiz Braz, o Requerimento solicitando a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Após a chamada.) APROVADO, por 16 votos SIM.

O Ver. Valdir Sauer, do PPB, de Progresso, está presente, a nossa saudação, a saudação da Casa, da Vera. Maristela Maffei e da Bancada do PT.

O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fiz questão de encaminhar, porque havia dúvidas sobre a continuidade ou não da Sessão, e é preciso que se esclareçam duas coisas.

A primeira, quanto ao Projeto que diz respeito ao HPS: havia dezenas de funcionários do HPS querendo acompanhar a votação e, como as Sessões Solenes e homenagens se estenderam praticamente até o final da tarde, a nossa Líder da Bancada conversou com vários Vereadores, representantes das Bancadas, exatamente para que pudéssemos votar esse Projeto, pois é consensual na Casa, e em outro momento seria muito ruim que votássemos os Projeto, quando os funcionários sequer acompanharam legitimamente a Sessão e foram embora. Então, é bom esclarecer isso, porque se usa argumentos e artifícios para, na verdade, esconder uma intenção e uma posição sobre determinadas questões, e isso não é um procedimento democrático adequado.

Em segundo lugar, foi usado um argumento de que um Vereador de Porto Alegre tem a ver com a situação que ocorreu na Cidade de Rio Grande, no caso dirigido a todos os Vereadores, mais particularmente ao Ver. Sebenelo e a mim. Na verdade, todos sabemos que os ecossistemas e a natureza não respeitam as divisões geográficas políticas das cidades. Os ecossistemas têm uma organização própria. Um desastre ambiental no Porto de Rio Grande significa a possibilidade de um ataque e um desastre num dos mananciais mais importantes de abastecimentos de água do Estado do Rio Grande do Sul, que é o manancial da Bacia Hidrográfica do Guaíba e, por conseguinte, uma situação que diz respeito ao conjunto das populações que se banham nessas águas e que têm nela o seu principal abastecedor de água.

Logo, questionar a importância da Câmara de Vereadores de Porto Alegre em estar presente em uma audiência pública convocada pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, que será realizada em Rio Grande, por motivos óbvios, porque este assunto não está sendo discutido em Rio Grande, ele pode ser discutido em Porto Alegre, em São Paulo, em Estocolmo, na Finlândia, em qualquer lugar do mundo, porque diz respeito a toda humanidade a proteção das riquezas naturais necessárias a sua vida.

Portanto, sou contra discutir o assunto de Rio Grande aqui, eu não quero discutir isso, não porque eu não ache importante discutir, mas porque eu acho que esse assunto pode, eventualmente, demonstrar ou colocar a nu incongruências, debilidades ou falta de zelo com as questões ambientais no nosso Estado. Não é esse o meu objetivo.

O manifesto assinado por mais de vinte e oito entidades não-governamentais questiona e coloca questões sérias, tão sérias que a Procuradoria-Geral da República e os professores da FURG e todos os especialistas do Rio Grande do Sul e do Brasil estão preocupados com a matéria e isso diz respeito a todos nós, porque um desastre ambiental desta ordem diz respeito a todos.

Chernobyl, nós discutimos aqui na Câmara de Porto Alegre e discutimos nas Câmaras do mundo inteiro, porque aquilo diz respeito à humanidade. Aquilo aconteceu na União Soviética, mas situações que podem permitir aquele desastre, podem acontecer em vários lugares do mundo e é disso que se trata. Cabe aos homens e mulheres de bom-senso, de boa-vontade, com responsabilidades públicas, discutirem com seriedade situações como essa, para que daquele desastre e das dificuldades que ele acarreta, nós possamos, quem sabe, produzir riqueza, sabedoria para evitar que situações como aquelas ocorram e, mais do que isso, para que possamos minimizar os efeitos desses desastres.

Por isso, sou favorável à inversão de pauta para que possamos votar esse Requerimento feito por mim, em nome da Bancada do PT e do Ver. Cláudio Sebenelo, não para viajar, porque sou vereador há duas legislaturas e nunca pedi para viajar, nunca entrei com requerimento para representar a Câmara, não sou viajante nem turista, sou um homem público, quero estar acompanhando, em Rio Grande, esse debate fundamental para a qualidade de vida deste Estado, e mais, se não pudermos votar porque alguns vereadores se recusam a entrar e dar quórum, como o Ver. João Dib, eu estarei amanhã presente com ou sem representação da Câmara Municipal de Porto Alegre, porque esse assunto me diz respeito e diz respeito a todos nós. Muito Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, existe evidentemente uma preocupação genérica, o Estado inteiro está muito preocupado com o episódio que, mais uma vez, por todos os motivos, pode gerar uma catástrofe ecológica como a ocorrida do Hermenegildo, e como, para o nosso constrangimento como seres humanos, outro dia um navio ameaçava a vida de pingüins.

O problema não se trata só da catástrofe tóxica e sim do que isso simboliza e das repercussões. É indiscutível a importância e a gravidade desse tipo de desastre que, resguardadas todas as proporções, e extinto o episódio com o salvamento e a retirada do ácido sulfúrico do Porto de Rio Grande já deixou seqüelas importantes na quantidade de ácido sulfúrico que já foi jogado no mar, na Lagoa dos Patos, e o que o Ver. Gerson Almeida não disse é que a contaminação da Lagoa dos Patos também pode contaminar Porto Alegre, e esse é o motivo fundamental das preocupações do PSDB, esse é o motivo fundamental que, através da via hídrica, as poluições são maiores, como entendimento de um processo que é altamente nocivo para o solo, para as águas e para o ar que respiramos.

Essa dificuldade imensa que nós atravessamos, como atravessam outros pontos do mundo, nós não queremos mais que aconteça, esse tipo de acidente, nós queremos prevenir para que isso não aconteça, por isso estarei junto nessa audiência pública. O problema não está ligado ao processo político. O Ver. Lauro Hagemann, aqui, em um pronunciamento da maior lucidez, alertou os vereadores e a população de Porto Alegre sobre os problemas relacionados com esse episódio, mas dizendo e acrescentando que não deveria haver uma exploração política em cima de um episódio que é danoso para todos. Isso é fundamental. Essa preocupação é nossa.

Quero que o mesmo Ver. Gerson Almeida, tão zeloso pelo meio ambiente, tome providências e peça ao Sr. Prefeito Municipal que, se não fizer ouvidos de mercador, poderá atender a todos os riscos geotécnicos de Porto Alegre, a todos os riscos, por exemplo, de uma catástrofe que pode ocorrer com um mero acender de cigarros na sede da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, onde um fósforo riscado, pode condenar à morte, por incêndio, quando não há condições de evacuação das pessoas do prédio, que é de madeira, que está em cima de uma praça e que é uma vergonha que ainda esteja funcionando lá. Por isso penso que na volta de Rio Grande o Ver. Gerson Almeida deve procurar o Prefeito da Cidade e dizer que está preocupado com o meio ambiente, com a segurança dos funcionários, que está preocupado, inclusive, com a ocupação de uma praça de Porto Alegre, onde colocaram em cima uma estrutura de madeira, encheram de papel e só falta o acidente ocorrer por causa de uma fagulha, ocorrendo uma catástrofe na Cidade de Porto Alegre que, queira Deus, nunca aconteça.

Que o mesmo cuidado, o mesmo zelo, seja trazido de Rio Grande para esta Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, queremos designar, em nome da Câmara Municipal, os Vereadores Gerson Almeida e Cláudio Sebenelo para representar a Câmara na discussão que se faz em Rio Grande. O Ver. Gerson Almeida e o Ver. Cláudio Sebenelo requereram à Mesa esta representação. O único detalhe que eu faço questão de expor para todos, porque estas sessões são públicas, é que, quando eu defiro, eu não posso deferir com ônus para a Casa. Esse ônus só pode existir, quando votado pelo Plenário. Mas eu tenho certeza absoluta de que os dois Vereadores honrarão muito esta Casa nesta representação que farão em nome de toda a sociedade na discussão em Rio Grande.

Não havendo mais quórum, encerramos os trabalhos da presente Sessão.

(Encerra-se a Sessão às 19h49min.)

* * * * *